As questões climáticas são fundamentais quando se fala de agricultura e devem se tornar ainda mais primordiais em um futuro não muito distante. É o que afirma o pesquisador Carlos Pacheco, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), nesta sexta-feira (16/4), em entrevista ao CB.Agro, programa realizado em parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília.
“Vários trabalhos têm apontado para o território brasileiro um aumento generalizado da temperatura média do país em todas as regiões, em todas as épocas do ano. Com relação a disponibilidade de água, a precipitação deve ser concentrada durante o verão em todas as regiões brasileiras, e deve se observar uma redução muito expressiva dessa ocorrência de chuvas em outras épocas do ano sobretudo no inverno e na primavera”, diz o pesquisador da Embrapa.
A Política Nacional de Recursos Hídricos prevê como prioridade, em caso de escassez, o consumo humano e a dessedentação de animais. A agricultura, como maior consumidora de água dentro das atividades econômicas, deve se preparar para uma possível falta de água no futuro e procurar alternativas para economizar no uso do bem, pontua Pacheco.
“Trabalhamos no sentido de buscar sistemas de produção que consumam menos água, por exemplo, sistemas de irrigação, como gotejamento, que reduzem a necessidade de água para produção de alimentos, o cultivo em ambiente protegido por meio de hidroponia, que tem o potencial de reduzir em 90% a quantidade de água utilizada”, explica o pesquisador.
Desigualdade
Cerca de 12% da disponibilidade de água doce do mundo estão concentrados em território brasileiro, o que pode ter gerado uma cultura no país de que a água seria sempre abundante. Porém, destaca o especialista, não é bem assim. Segundo ele, muitas regiões não têm acesso ao saneamento básico, por exemplo, e muitas pessoas já sofrem com a escassez de água.
“A distribuição de água no território brasileiro é muito desigual. Se nós observarmos a distribuição dos recursos hídricos no Brasil, 80% estão concentrados na região amazônica, que abriga 20% da população brasileira; enquanto os outros 20% estão distribuídos pelo restante do país, que abriga 80% da população”.
*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro
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