BANCO DO BRASIL

Com trocas na cúpula, BB terá gestão "virada pelo avesso"

Iniciadas com a substituição de André Brandão por Fausto Ribeiro na presidência, mudanças na cúpula da instituição financeira devem continuar nos próximos dias. A expectativa é de que seis das sete vice-presidências troquem de mãos

Vera Batista
postado em 15/04/2021 06:00
Para analistas, alterações enterra estratégia liberal na administração -  (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
Para analistas, alterações enterra estratégia liberal na administração - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

O mercado está apreensivo com as mudanças no Banco do Brasil. Analistas temem que, com substituição de André Brandão por Fausto Ribeiro na presidência do banco, as portas da instituição financeira sejam abertas para a ingerência política e a distribuição de cargos. Mesmo levando em consideração que Ribeiro é funcionário de carreira, a proximidade com o Palácio do Planalto — que precisa saciar a sede de poder do Centrão para ampliar a base de apoio no Congresso — apavora os que defendem a proposta de manter o banco público focado nos negócios e nos interesses dos acionistas.

“O projeto neoliberal fracassou ali. Foram canceladas propostas de privatização, enxugamento de pessoal e de agências. Não sobrou nada. Foi essa realidade que espantou os antecessores de Fausto Ribeiro. E o Centrão, que não teve chance desde 2018, aposta no sucesso das suas demandas represadas”, apontou um diretor de banco privado. “E já se veem baixas significativas na equipe. Dois vice-presidentes, não por acaso, abandonaram o navio”, destacou outra fonte que preferiu o anonimato.

Os dois executivos que saíram, segundo os analistas, sabiam que não se enquadrariam “nas prioridades negociais” de Fausto Ribeiro, complementou a fonte. Foi o caso de Carlos da Costa André, que era vice-presidente de Gestão Financeira e de Relações com Investidores, que preferiu se aposentar. E de Mauro Ribeiro Neto, que largou a vice-presidência Corporativa por outro cargo “mais bem remunerado na iniciativa privada”. Por mais que tentem negar, os dois executivos saíram “tristes” pelas dificuldade de levar a cabo seus objetivos. Outras mudanças virão nos próximos dias, aguardam os analistas.

A previsão é de que seis das sete vice-presidências troquem de mãos. Técnicos do próprio BB confirmam que a expectativa é de que a instituição seja “virada pelo avesso”. Por outro lado, eles ficaram em cima do muro em relação às mudanças na presidência. Para eles, “o banco vai voltar ao que era antes”. Esse retorno, no entanto, tem duplo sentido, alertam. Pode significar que o “antes” seja efetivamente o resgate da velha política de distribuição de cargos. Mas também pode significar que se comece agora uma nova fase, “com mais jogo de cintura e sem a pressão privatista exagerada”, contam os que conhecem o dia a dia da instituição.

“A ideia é manter o banco comercial forte, estritamente dentro das regras de mercado, mas sem bater de frente com o patrão, que é o governo”, explicam. Esse jeitinho de agir mansamente vai fazer com que os objetivos sejam cumpridos “com mais inteligência”. Ao invés de fechar agências, a saída pode ser negociar com governadores e prefeitos para que a folha de pagamento, por exemplo, seja transferida para o BB. “Caso contrário, o argumento pode ser que, sem isso, o encerramento das atividades daquele ponto é inevitável. Não vai ter mais pacotão. Vai ser um trabalho diário, o que angaria mais simpatia e menos trauma”, dizem alguns funcionários.

Bolsa recupera os 120 mil pontos

As ações do Banco do Brasil fecharam em alta de 0,17% ontem, na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), cotadas a R$ 29,60. A alta acompanhou a valorização da maioria das ações que compõem o Ibovespa, índice que mede o desempenho dos principais papéis negociados no pregão, que encerrou o dia com ganho de 0,84%, aos 120.295 pontos, recuperando o patamar que havia atingido pela primeira vez em 17 de fevereiro. O apetite ao risco dominou as negociações no mercado financeiro, com os investidores de olho na divulgação dos balanços de importantes empresas nos Estados Unidos, especialmente dos bancos Goldman Sachs e JPMorgan. Os bons resultados dessas instituições no primeiro trimestre serviram de alavanca para o mercado norte-americano e possibilitaram que a B3, mesmo diante das incertezas domésticas, fechasse no terreno positivo. O dólar voltou a se desvalorizar frente ao real, com queda de 0,75%, e terminou o dia cotado a R$ 5,668 para venda.

 

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