O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse, nesta segunda-feira (12/04), que o projeto de emitir uma moeda digital no Brasil está avançando bastante e terá novidades em breve. Porém, pediu mais cooperação dos bancos centrais em relação ao assunto, para que haja características comuns entre as diversas moedas digitais que estão em desenvolvimento pelo mundo.
"Lançamos um projeto de lei para mudar as características da moeda real. O primeiro é a simplificação da moeda; depois, a internalização e a conversibilidade; e a terceira fase é a de digitalização. Estamos avançando bastante no projeto de moeda digital e deveremos ter notícias em breve", afirmou Campos Neto, na Conferência Iberoamericana de Bancos Centrais, promovida pelo Banco da Espanha.
O chefe da autoridade monetária brasileira também aproveitou a ocasião para pedir cooperação entre os bancos centrais nas discussões sobre a moeda digital. Afinal, a ideia de criar uma CBDC — “central bank digital currency” ou moeda digital do banco central — está sendo estudada em diversos países do mundo. "É importante que os bancos centrais tenham uma interação maior sobre a moeda digital, é importante que as principais características sejam comuns entre os vários países", defendeu.
Campos Neto argumentou que, apesar dos diversos estudos sobre a moeda digital, também há muitos questionamentos a respeito do assunto. Ele contou que, hoje, há discussões sobre se a moeda digital poderá ser remunerada e rastreável, se a emissão e a custódia da moeda digital serão exclusivas do banco central ou poderão ser descentralizada e também sobre o tipo de tecnologia que será adotado na emissão da moeda digital.
O presidente do BC não deu detalhes sobre o estágio dessas discussões no Brasil, mas lembrou que o Bacen criou um grupo de trabalho em agosto do ano passado para estudar o assunto. Além disso, no início deste ano, o Congresso Nacional aprovou o novo projeto de lei cambial, que foi proposto em 2019 pelo Banco Central com o intuito de simplificar e facilitar o processo de internacionalização e conversibilidade do real — medidas que, segundo Campos Neto, antecedem a emissão do "real digital".
Redes sociais
Na conferência dos bancos centrais iberoamericanos, Roberto Campos Neto disse que também vê a integração entre o sistema financeiro e as mídias sociais ganhando força nos próximos anos. E lembrou que, nesse sentido, o BC autorizou recentemente o WhatsApp a operar o seu sistema de pagamentos no Brasil.
"O mundo fala muito da competição de bancos com fintechs. Eu tenho a percepção que é além disso, é a integração da mídia social e o mundo financeiro. A integração está só começando", afirmou o presidente do BC.
Ele explicou que, cada vez mais, os produtos financeiros se baseiam em dados, que circulam de forma expressiva nas redes sociais. Por isso, disse que é possível imaginar a convergência entre os serviços de mensagem com o serviço de anúncio, venda e pagamentos de produtos. Porém, destacou os bancos centrais devem ter uma "atenção redobrada para onde isso está indo", já que esse processo envolve uma "produção enorme de dados".
Para Campos Neto, o processo de modernização do sistema financeiro foi acelerado por conta da pandemia de covid-19. Ele destacou, nesse sentido, a grande adesão dos brasileiros ao Pix — o sistema de pagamentos instantâneos que foi lançado no ano passado no país e, segundo o BC, já tem 170 milhões de chaves, tendo sido usado por 75% da população brasileira. Além disso, lembrou que, hoje, a autoridade monetária trabalha com o processo de implementação do open banking para que os brasileiros possam usar os seus dados para buscar produtos melhores, mais baratos e personalizados, no sistema financeiro.
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