O Brasil criou 401.639 vagas de emprego formal em fevereiro deste ano. O resultado é o melhor para o mês da série histórica do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), iniciada em 1992. Para o governo, o resultado mostra que a economia brasileira dava sinais de recuperação antes da segunda onda da pandemia de covid-19. Especialistas dizem, no entanto, que não será possível manter esse bom ritmo de vagas a partir de março, pois o agravamento da pandemia tem fechado diversas atividades econômicas pelo país.
“A economia, do ponto de vista do mercado formal de trabalho, está se recuperando em altíssima velocidade. São 400 mil novos empregos, um recorde para o mês de fevereiro, que indica que estamos no caminho certo do ponto de vista da recuperação da atividade econômica”, comemorou o ministro da Economia, Paulo Guedes, ao apresentar o resultado do Caged.
De acordo com o Ministério da Economia, todos os setores econômicos apresentaram saldo positivo de vagas em fevereiro. O destaque, contudo, foi dos serviços, que, apesar de ter sido o setor mais atingido pela pandemia de covid-19, gerou 173.547 postos de emprego formal no mês passado. O resultado surpreendeu o mercado e trabalhadores como Luiz Matias, 21 anos, que conseguiu o primeiro emprego, em um call center, no início deste ano. “Consegui o emprego pelo site da empresa, mandei currículo on-line e fui selecionado”, contou o rapaz.
Diretor de marketing da empresa de softwares de recrutamento e seleção Kenoby, Felipe Sobral disse que, apesar da recuperação na oferta de vagas no início deste ano, o mercado está com uma “luz amarela” acesa por conta do agravamento da pandemia, neste mês de março. "O ritmo de contratações surpreendeu em fevereiro, mas parte disso pode ser revertido a partir de março, porque estamos em um momento de piora da pandemia, e o setor de serviços é muito sensível ao isolamento social", explicou o economista da Ativa Investimentos, Étore Sanchez.
Para reverter esse quadro, o governo tem tentado garantir a volta dos acordos de redução salarial e suspensão do contrato de trabalho, que ajudaram a evitar quase 10 milhões de demissões em 2020. Outra frente é acelerar o ritmo da vacinação contra a covid-19, já que a imunização pode garantir o “retorno seguro ao trabalho”.
Sanchez lembrou, no entanto, que a volta dos acordos vai evitar demissões, mas não garante a redução ou a interrupção do volume de contratações. Por isso, ainda assim projeta uma redução dos números do Caged e um aumento do desemprego nos próximos meses. “Em janeiro e fevereiro, foram 600 mil vagas criadas no Caged. No ano como um todo, a perspectiva é de que sejam abertas 1 milhão de vagas. Ou seja, vai crescer pouco nos próximos meses. O ritmo da oferta de vagas será inferior ao da recomposição da força de trabalho”, explicou.
* Estagiário sob supervisão de Carlos Alexandre de Souza
Mercado formal em recuperação
Número de vagas criadas nos últimos 12 meses.
Fev 2020225.648
Mar 2020-275.408
Abr 2020-957.671
Mai 2020-370.550
Jun 2020-28.329
Jul 2020137.707
Ago 2020242.438
Set 2020317.296
Out 2020391.344
Nov 2020397.530
Dez 2020-102.181
Jan 2021258.141
Fev 2021401.639
Geração de vagas por setor, em fevereiro:
Serviços73.547
Indústria93.621
Comércio68.051
Construção civil43.469
Agropecuária 23.055
Fonte: Caged