O mercado internacional aguarda ansioso pela divulgação detalhada dos novos estímulos monetários nos Estados Unidos, prometidos pelo presidente Joe Biden para apoiar as famílias americanas e dar novo fôlego de investimento em infraestrutura no país. Existe, contudo, preocupação com dados de inflação nos EUA, observando nova alta do Tesouro Americano de 10 anos, o que pode afetar diretamente as empresas de tecnologia que precisam de crédito para financiar suas atividades.
Também no cenário internacional, os índices da Ásia estão em alta nesta terça-feira (30/3), e a pressão inflacionária da China pode encarecer os manufaturados exportados pelo país. A bolsa da Coreia do Sul (Kospi) tem alta de +1,12%, em Hong Kong (Hang Seng), com valorização de +0,88%; e no Japão (Nikkei) sobe +0,16.
O economista autônomo Hugo Passos comenta que, no mercado de commodities, o petróleo opera em queda, após a empresa de serviços do Canal de Suez informar, na segunda-feira (29) à noite, que conseguiu remover o navio porta-contêineres Ever Given.
Já no mercado doméstico, o índice Ibovespa opera em alta próximo ao 1%, com a divulgação de dados positivos do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que anunciou a criação de 401.639 vagas formais de trabalho em fevereiro ou 225.648 postos de trabalho líquido nesta terça-feira.
Hugo destaca, ainda, a reforma ministerial feita às pressas, na segunda-feira, pelo presidente Jair Bolsonaro, nas pastas de Relações Exteriores, Defesa, Justiça, Casa Civil, Secretaria de Governo e Advocacia-Geral da União. “Isso pode ser visto como enfraquecimento em seu governo ou uma estratégia para mais articulações com o Congresso”, explica o especialista.
Dólar
O dólar ainda continua pressionado e isso, consequentemente, afetará a inflação. O economista esclarece que, apesar de novos estímulos monetários nos EUA, que tendem a fazer o dólar arrefecer, ainda há uma situação fiscal caótica no Brasil, com novos recordes de mortes pela covid-19 e fechamento da economia, afetando ainda mais as arrecadações e despesas do governo. Para ele, o governo não mostra uma clareza no Orçamento 2021, recém-aprovado, e no teto de gastos.
Para Hugo, o Brasil precisa acelerar a vacinação, o que, segundo ele, será a melhor “política fiscal e monetária”. “Nas últimas semanas tivemos notícias positivas sobre produção de vacinas da Fiocruz e da ButanVac. Quanto mais, melhor. Lembrando que é preciso dar andamento nas reformas administrativa e tributária”, pontua o economista.
*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro