O Brasil registrou um deficit em suas transações correntes de US$ 2,3 bilhões em fevereirode 2021, divulgou, nesta sexta-feira (26/3), o Banco Central (BC), exatamente o que a autoridade monetária estimou para o mês. Em fevereiro de 2020, o deficit foi de US$ 4,7 bilhões. Segundo a autoridade monetária, a redução decorreu das retrações de US$ 2,7 bilhões e de US$ 900 milhões nas despesas líquidas de renda primária e de serviços, respectivamente, enquanto o superávit comercial recuou US$ 1,3 bilhão.
O deficit em transações correntes nos 12 meses encerrados em fevereiro de 2021 somou US$ 6,9 bilhões, o equivalente a 0,48% do Produto Interno Bruto (PIB), ante US$ 9,2 bilhões em janeiro de 2021, 0,64% do PIB, e US$ 55,7 bilhões (3,06%) em fevereiro de 2020.
Investimentos diretos
Os ingressos líquidos em investimentos diretos no país (IDP) somaram US$ 9 bilhões em fevereiro de 2021, ante US$ 2,6 bilhões observados em fevereiro de 2020. Este ano, US$ 3,1 bilhões foram em participação no capital e US$ 5,9 bilhões em operações intercompanhia. Nos 12 meses encerrados em fevereiro de 2021, o IDP aumentou para US$ 39,8 bilhões (2,75% do PIB), ante US$ 33,4 bilhões (2,31%) no mês anterior e US$ 65 bilhões em fevereiro de 2020.
Em fevereiro de 2021, os investimentos diretos no exterior (IDE) apresentaram aplicações líquidas de US$ 1,7 bilhão. Nos 12 meses encerrados em fevereiro de 2021, entretanto, o IDE totalizou regressos líquidos (desinvestimentos) de US$ 14,6 bilhões.
A balança comercial de bens registrou superavit de US$ 430 milhões em fevereiro de 2021, ante saldo positivo de US$ 1,8 bilhão em fevereiro de 2020. As exportações totalizaram US$ 16,3 bilhões, aumento de 4,3% ante o mesmo mês do ano passado. As importações somaram US$ 15,9 bilhões, alta de 14,5% na mesma base de comparação. Como há uma estimativa, para fevereiro, de US$ 1,6 bilhão de importações do Repetro, ante US$ 565 milhões em fevereiro de 2020, ao desconsiderar essas operações, o crescimento cai à metade, para 7,2%.
Viagens internacionais
A pandemia derrubou a conta de viagens internacionais. O deficit na conta de serviços manteve a trajetória de retração e totalizou US$ 1,4 bilhão em fevereiro de 2021, recuo de 39,9% em relação a fevereiro de 2020, quando atingiu US$ 2,3 bilhões. Os gastos líquidos com viagens internacionais foram de US$ 28 milhões em fevereiro de 2021, ante US$ 403 milhões em fevereiro de 2020, recuo de 93%.
Na mesma base de comparação, houve redução de 54,2% nas despesas líquidas de aluguel de equipamentos, de US$ 1,2 bilhão para US$ 555 milhões, influenciada pela nacionalização de equipamentos no âmbito do Repetro. A conta de transportes apresentou despesas líquidas de US$ 227 milhões, ante US$ 410 milhões em fevereiro de 2020. A conta de serviços de propriedade intelectual registrou aumento das despesas líquidas, de US$ 291 milhões em fevereiro de 2020, para US$ 561 milhões em fevereiro de 2021.
Em fevereiro de 2021, o deficit em renda primária recuou 61,3% em relação a fevereiro de 2020 e totalizou US$1,7 bilhão. As despesas líquidas de lucros e dividendos diminuíram para US$ 315 milhões, ante US$ 2,9 bilhões em fevereiro de 2020. A redução decorreu principalmente do aumento de US$ 2,3 bilhões nas receitas, impulsionado pela reversão do prejuízo de US$ 696 milhões em fevereiro de 2020 para lucro de US$1,6 bilhão em fevereiro de 2021. As despesas líquidas com juros somaram US$ 1,4 bilhão no mês, retração de 1,6% na comparação com fevereiro de 2020, com recuo das receitas e das despesas.
As reservas internacionais atingiram US$ 356,1 bilhões em fevereiro de 2021, elevação de US$ 654 milhões em comparação a janeiro de 2021. Houve US$ 2,6 bilhões em retornos líquidos em linhas com recompra e a receita de juros atingiu US$ 351 milhões. As variações por preço e por paridades contribuíram para reduzir o estoque, respectivamente, em US$ 1,9 bilhão e US$ 315 milhões. Para o mês de março, a estimativa do Banco Central é um deficit nas transações correntes de US$ 1,3 bilhão e um IDP com ingressos líquidos de US$ 7 bilhões.