Pandemia

Guedes 'convoca' setor produtivo a doar vacinas contra covid-19

Ministro fez o apelo ao lado dos empresários Carlos Wizard e Luciano Hang, que prometem doar 10 milhões de doses ao Ministério da Saúde. Empreendedores devem se encontrar com o ministro Marcelo Queiroga nesta sexta-feira

O ministro da Economia, Paulo Guedes, "convocou" o setor privado a doar vacinas para o Sistema Único de Saúde (SUS). O apelo visa acelerar o processo de vacinação contra a covid-19 e, assim, permitir a retomada econômica. Guedes comentou sobre a imunização ao lado dos empresários Carlos Wizard (Wizard) e Luciano Hang (Havan), que pretendem repassar 10 milhões de doses de vacina ao Ministério da Saúde, caso sejam autorizados a usar parte desse material para imunizar seus funcionários.

Guedes recebeu Wizard e Hang no Ministério da Economia na tarde desta quinta-feira (25/03). Após o encontro, o ministro disse que viabilizou uma reunião entre os empresários e o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, nesta sexta-feira (26/03), para que eles possam negociar a doação de 10 milhões de doses de vacina contra a covid-19. "Dois empresários brasileiros conseguiram 10 milhões de vacinas. Agora, imagine 100 empresários... Seriam 50 vezes essa doação de 10 milhões de doses. E nós temos 100 empresários que possam querer fazer essa doação", afirmou o ministro da Economia.

Guedes disse que a doação pode acelerar o processo de vacinação. Por isso, agradeceu Wizard e Hang e incentivou outros empresários a fazerem o mesmo: "Eu agradeço muito e faço uma convocação para que todo o setor privado siga o exemplo. Podemos dobrar as 500 milhões de doses que o governo já conseguiu. A coisa agora não é quantidade é vacinação. O isolamento é uma tentativa de desacelerar o contágio, mas não podemos derrubar a economia toda de novo. Então, temos que acelerar a vacinação", disse Guedes.

Rapidez na vacinação

O ministro da Economia calculou que, se o Ministério da Saúde atingir a meta de vacinar 1 milhão de pessoas por dia, o país vai levar cerca de dois meses para vacinar "os mais vulneráveis" à covid, por conta da quantidade de doses que estão previstas no calendário de vacinação do governo. Ele disse, então, que "essa ajuda que vem do setor privado pode acelerar ainda mais esse processo".

O Congresso Nacional já aprovou uma lei que permite a doação de vacinas para o SUS. Para evitar fura-filas, contudo, a legislação determina que 100% das doses compradas neste momento sejam destinadas ao grupo prioritário da vacinação. Só depois que todo esse pessoal estiver imunizado é que os empresários poderiam destinar parte das vacinas para os seus funcionários. Por isso, Wizard e Hang querem alterar a lei, antes de concretizar a doação, para poder garantir a imunização dos seus trabalhadores.

"Para que isso [a doação das 10 milhões de doses] aconteça, precisamos sensibilizar os congressistas e as autoridades para que haja uma flexibilização da legislação que nos permita fazer essa doação", disse Wizard, na saída do Ministério da Economia. "A possibilidade de o empresário poder comprar vacina e doar a seus funcionários tiraria pessoas do SUS. Temos amigos que querem comprar vacina e doar para seus funcionários", acrescentou Hang.

Abaixo-assinado

Wizard alegou que a medida visa contornar a "lentidão" da máquina pública, que hoje restringe a vacinação contra a covid-19 à população prioritária. "A partir do momento que a iniciativa privada tem agilidade na entrega, nós antecipamos a imunização da população e poupamos vidas", alegou.

Para alterar a lei, os empresários chegaram a lançar um abaixo-assinado na internet pedindo autorização para destinar as vacinas que comprarem para os seus trabalhadores. Eles alegam que o grupo prioritário compreende 78 milhões de brasileiros e dizem que "a vacinação em massa da população é o caminho para que se tenha o retorno da vida normal". "O que se pretende é fazer um trabalho paralelo e solidário ao SUS, trazendo a agilidade da iniciativa privada para o processo de vacinação.

 

Saiba Mais