Economia

Dólar abre em queda em meio IPCA-15, mas se fortalece com exterior e fiscal

No entanto, o dólar já passou a subir, puxando os juros curtos para cima

O dólar no mercado à vista abriu com viés de baixa nesta quinta-feira em meio ao salto de 0,93% do IPCA-15 de março, um pouco abaixo da mediana das projeções do mercado (0,96%), mas quase o dobro do resultado de fevereiro (0,48%) e no maior patamar para o mês desde 2015 (1,24%). O IPCA-15 acumula alta de 2,21% no ano e avanço de 5,52% em 12 meses - acima do teto da meta de inflação deste ano (5,25%).
No entanto, o dólar já passou a subir, puxando os juros curtos para cima. O dado sugere nova alta da Selic em maio e ajuda a calibrar a intensidade das apostas dos investidores, pendendo para alta de 0,75 a 1 ponto da Selic, o que tornaria a arbitragem de juros interno e externo mais favorável ao Brasil.
A moeda americana também sobe com uma piora dos mercados no exterior, em meio à ampliação das perdas do petróleo em Nova York, ao redor de 3% mais cedo. Os investidores estão à espera ainda de leilões de linha de até US$ 3 bilhões (10h20). O fluxo cambial está no radar também, após sinais de saídas de investidores estrangeiros nos últimos dias.
Os agentes de câmbio estão preocupados também com o risco fiscal em meio a incertezas sobre o valor do novo auxílio emergencial, após pedido de governadores para elevar o valor a R$ 600,00, e expectativas pela votação do Orçamento de 2021 no plenário do Congresso, à tarde. A apreciação da proposta pela Comissão Mista de Orçamento está prevista para esta manhã. Os parlamentares ainda tentam aumentar o valor das emendas, o que pode comprometer o teto de gastos.
No exterior, o dólar sobe ante pares principais, mas esta misto em relação a divisas emergentes e ligadas a commodities. Mas o dólar ante peso mexicano já rondava a estabilidade há pouco, após recuar mais cedo.
Os futuros de Nova York pioraram após uma revisão dos pedidos de auxílio-desemprego da semana anterior, de 770 mil a 781 mil, e após o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) nos EUA ter subido menos que o esperado (à taxa anualizada de 1,5% no quarto trimestre, um pouco abaixo da estimativa prévia de +1,6%). Também o núcleo do PCE, que desconsidera preços de alimentos e energia, avançou 1,3% no mesmo intervalo, vindo ligeiramente abaixo da leitura preliminar de +1,4%. Mas o PIB dos EUA e os pedidos de auxílio-desemprego na semana vieram melhores que o esperado.
Às 9h48, o dólar à vista subia 0,50%, a R$ 5,6678, enquanto o dólar futuro de abril ganhava 0,81%, a R$ 5,6680.