O Banco Central (BC) elevou de 7,8% para 8% a projeção de crescimento da carteira de crédito do país em 2021. A revisão consta no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado nesta quinta-feira (25/3), e se deve à alta dos financiamentos imobiliários. O BC não considera, no entanto, a recriação de programas emergenciais de crédito para as empresas que têm sido afetadas pela pandemia de covid-19.
Segundo o BC, o saldo das operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) cresceu 15,7% em 2020 por conta da crise do novo coronavírus, que elevou a necessidade de financiamento das empresas e das famílias brasileiras. E continuou crescendo nessa velocidade em janeiro de 2021 (16%). Porém, deve passar por uma "normalização" no decorrer deste ano, desacelerando para 8% em 2021.
A expectativa da autoridade monetária é que as empresas brasileiras, que elevaram os empréstimos bancários em 2020, voltem a se financiar no mercado de capitais em 2021. Por conta disso, o BC "não contempla extensão ou criação de novos programas de crédito" e reduziu de -5,3% para -7% a projeção para o saldo de crédito direcionado às pessoas jurídicas. Diante do agravamento da pandemia de covid-19, no entanto, muitos empresários estão cobrando novas medidas de socorro ao setor produtivo do governo, como o acesso ao crédito.
Por outro lado, o BC elevou de 9% para 11% a perspectiva de crescimento do crédito direcionado às pessoas físicas, devido à "demanda robusta por financiamentos imobiliários no contexto de taxas de juros historicamente baixas". A autoridade monetária ainda manteve em 12% a projeção de crescimento dos empréstimos com recursos livres destinados às pessoas físicas, como as operações de cartão de crédito e os financiamentos de veículos.
"A despeito do recrudescimento da pandemia e de seu impacto sobre o consumo, espera-se que o crédito às famílias seja menos afetado do que no ano passado, quando prevalecia elevada incerteza e o consumo foi reduzido abruptamente, com consequências sobre modalidades relevantes do mercado de crédito. Essa perspectiva ganha força com a nova rodada do auxílio emergencial", justificou o BC.
É por conta desta perspectiva de que as famílias vão recorrer ao sistema bancário para comprar a casa própria e outros bens, portanto, que o BC elevou a projeção de crescimento do saldo de crédito do país para 8%. "As projeções de crescimento do estoque total de crédito para 2021, assim como no Relatório de Inflação de dezembro de 2020, consideram um cenário de normalização das condições de oferta e demanda de crédito, com a retomada do financiamento não bancário pelas grandes empresas e a volta do protagonismo das famílias no SFN", diz o RTI.