O acordo entre a União Europeia e o Mercosul “caminha lentamente”, segundo o embaixador brasileiro na União Europeia, Marcos Galvão. Em live promovida pelo FGV Agro, na última quarta-feira, o diplomata explicou que, a partir de 2019, após a assinatura do acordo, começou-se a fazer uma revisão dos termos, e uma das principais pendências é a exigência dos europeus para que o Brasil, claramente, reforce seus compromissos por meio de um documento de apoio e de esclarecimento, “com foco na área ambiental, de desmatamento e em relação ao Acordo de Paris”.
Segundo Galvão, o Brasil já sinalizou ao bloco europeu, “de todas as maneiras”, que está disposto a ter esse diálogo. Para o diplomata, entretanto, esse processo, por vários motivos, tem demorado mais do que devia, primeiro ,em função da pandemia de covid-19, além da contração da economia europeia. “Está prevista uma queda de 6% no PIB do bloco, ou seja, mais do que o recuo do nosso PIB (-4,1%). Esta crise econômica cria um fator adicional (para o atraso)”.
Outros motivos apontados por Galvão para a lentidão nas negociações do acordo UE-Mercosul são as eleições na Alemanha, este ano, e na França, no ano que vem. “Lembrando que, em ambos os países, os Partidos Verdes e movimentos ambientalistas hoje têm força maior do que no ano passado, e o mesmo acontece no Parlamento Europeu”, citou o embaixador, referindo-se à pressão ambientalista como empecilho ao acordo.
Entretanto, ele assegurou que não há “nenhuma sinalização de que o acordo não vá avançar”, ao mesmo tempo em que ninguém pensa em reabri-lo. “Há uma discussão intensa em torno do que seria necessário como complemento político para a tramitação. Mas se está havendo demora, digo que a bola está no campo europeu neste momento; a proposta (do documento de compromisso) terá de partir deles, não de nós”.