ECONOMIA

Investidores cobram explicações de informação privilegiada na Petrobras

É preciso esclarecer, por exemplo, se a informação privilegiada partiu de alguém que estava dentro ou fora da sala onde Bolsonaro se reunia com os subordinados

Após a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abrir investigação para apurar suspeita de informação privilegiada na demissão do presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, que beneficiou especuladores com lucros de R$ 18 milhões, a questão que preocupa o mercado é a origem do vazamento. Na reunião em que foi decidida a defenestração do principal executivo da petroleira, havia apenas autoridades próximas ao presidente Jair Bolsonaro. Há uma pressão dos investidores para que sejam citados nomes, e os culpados, punidos.

É preciso esclarecer, por exemplo, se a informação privilegiada partiu de alguém que estava dentro ou fora da sala onde Bolsonaro se reunia com os subordinados; se foi intencional ou apenas um comentário com um amigo esperto; se partiu dos próprios ministros ou de seus assessores. “Nesse momento, com certeza, a CVM já tem nome e CPF de quem cometeu o crime. Lógico que não vai ser divulgado agora, porque isso só é feito no final das investigações. Pela importância do fato, a impressão é de que não vazou das autoridades, mas não deixa de ser responsabilidade delas, porque não tomaram o devido cuidado. Só não se sabe se há interesse em se chegar mesmo a esse nome”, disse Cesar Bergo, sócio-investidor do Corretora OpenInvest.

O problema, na análise de Bergo, é delicado. “Já atuei nesse tipo de investigação. É muito complexo. Qualquer comentário em tom de voz mais alto, o pessoal do corredor, que não é surdo, pode reproduzir em cascata. Mas também é possível que a CVM, o Ministério Público e a polícia descubram esse elo. Para o bem do mercado de capitais, é importante que tudo seja resolvido”, advertiu o economista.

Na reunião do dia 18 de fevereiro, estavam presentes com o presidente Jair Bolsonaro os ministros Braga Netto, da Casa Civil; Paulo Guedes, da Economia; Tarcísio Gomes de Freitas, da Infraestrutura; Bento Albuquerque, de Minas e Energia; Luiz Eduardo Ramos, Secretaria de Governo; e Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Todos negaram que tenha sido responsáveis pelo vazamento.