Diante de denúncias de informação privilegiada sobre a demissão de Roberto Castello Branco da presidência da Petrobras e da pressão de parlamentares por explicações sobre o possível ganho irregular com as ações da petroleira, a Comissão de Valores Mobiliários admitiu que está investigando o movimento, sem dar maiores detalhes. “A CVM acompanha e analisa informações e movimentações envolvendo companhias abertas, tomando as medidas cabíveis, sempre que necessário. A autarquia não comenta casos específicos”, destacou, em nota.
Com a divulgação de provável operação irregular, ontem, parlamentares dos partidos Cidadania e PDT requisitaram ao presidente da CVM, Marcelo Barbosa, a instauração de inquérito para apurar o uso de informação privilegiada em transações com opções de venda da Petrobras na tarde de18 de fevereiro, antes da live em que o presidente Jair Bolsonaro anunciou que “alguma coisa” iria acontecer com a Petrobras. A informação foi publicada pelo Jornal O Globo.
De acordo com informações, alguns investidores ganharam muito dinheiro com opções de venda de ações da Petrobras, em operações atípicas, que sugerem o uso de informação privilegiada. O lucro pode ter chegado a R$ 18 milhões em transações com mais de 4 milhões de opções de venda, a PETRN 265, em uma jogada arriscada que dependia do conhecimento e ou fé extraordinária de que o preço da ação da estatal iria cair.
A operação ocorreu cerca de 20 minutos após Bolsonaro ter se reunido com os ministros Bento Albuquerque, das Minas e Energia; Paulo Guedes, da Economia; Tarcísio Freitas, da Infraestrutura; além de Luiz Eduardo Ramos, responsável pela articulação política; Walter Braga Netto, da Casa Civil; e Augusto Heleno, da Segurança Institucional.
Mais tarde, com a afirmação de Bolsonaro de que o encontro foi para discutir medidas de redução dos preços dos combustíveis e que alguma coisa iria “acontecer na Petrobras”, a queda das ações foi inevitável e os investidores posicionados em opções de venda por um preço maior tiveram lucro aproximado de 11.125%, segundo as notícias. Informação privilegiada é crime punido com pena de um a cinco anos de prisão e multa de até três vezes o valor conseguido de forma ilícita.