Privatização

Estatais deficitárias custam R$ 20 bilhões por ano, diz Guedes

Segundo o ministro, dinheiro poderia ser usado para ampliar o orçamento com o Bolsa Família se governo avançasse nas privatizações

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o governo brasileiro gasta cerca de R$ 20 bilhões por ano para manter as empresas estatais que não geram lucro. E afirmou que, por isso, o país poderia ampliar os gastos sociais, em programas como o Bolsa Família, se avançasse na privatização das estatais. Ele admitiu, no entanto, que é difícil caminhar nesse sentido por conta de pressões políticas.

"O Brasil queima R$ 20 bilhões e pouco todo ano só carregando empresas deficitárias. No Bolsa Família são R$ 30 bilhões. Então, poderia ser quase o dobro se pegasse o dinheiro que gasta para carregar estatais doentes. Poderia ter acabado a miséria brasileira já, porque seria todo ano duas vezes mais para os mais frágeis, os mais pobres, do que gasta hoje. Mas os lobbies são muito fortes", declarou Guedes.

Para o ministro, as estatais "não podem dar prejuízo" para os brasileiros. Ele indicou, no entanto, que o brasileiro ainda pode enfrentar outras consequências negativas no futuro, caso o governo não avance nas privatizações. Guedes disse, por exemplo, que o país pode sofrer um apagão daqui a 15 anos caso a Eletrobras não seja privatizada, já que, hoje, a empresa não tem dinheiro para fazer os investimentos necessários à modernização da rede elétrica do Brasil.

Guedes concluiu, então, que é preciso avançar na privatização de estatais como a Eletrobras, como propôs o governo federal na semana passada. "Se conseguir aumentar o capital, levar à Bolsa para pedir recursos para investir, se for privatizada, aí todo mundo sabe: agora ela tem investimento, agora vai crescer. Daria para criar 136 mil empregos", afirmou o ministro, em relação à Eletrobras.

O chefe da equipe econômica, no entanto, admitiu que é difícil avançar nesse sentido. Guedes já admitiu estar "frustrado" por não ter conseguido entregar nenhuma grande privatização desde o início do governo e reforçou que "as privatizações estão muito atrasadas" em podcast do Primo Rico, publicado nesta terça-feira (2/3).

No podcast, Guedes alegou que a "primeira dificuldade" de avançar com as privatizações é que "está cheio de gente pendurada lá, com salário alto, benefício, aposentadoria muito boa, férias". O ministro ainda afirmou que algumas pessoas contrárias às privatizações plantam críticas e boatos de que ele sairá do governo para tentar barrar as privatizações.

"Ofensa não me tira daqui"

O ministro, no entanto, disse confiar no apoio do presidente Jair Bolsonaro às mudanças que julga importantes na economia brasileira. Por isso, garantiu que ofensas não vão tirá-lo do governo.

"Ofensa não me tira daqui, nem o medo, o combate, o vento, a chuva. Isso não me tira daqui de jeito nenhum. O que me tira daqui é a perda de confiança do presidente e ir para o caminho errado. Se eu tiver que empurrar o Brasil para o caminho errado, eu prefiro não empurrar, eu prefiro sair. Isso não aconteceu, eu tenho recebido apoio do presidente e do Congresso para ir na direção certa. De vez em quando, tem uma pedra no caminho, você leva uma topada, cai, levanta de novo, mas o salto é vastamente positivo até agora, estamos conseguindo andar", avaliou.

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