O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que "seria caótico para o Brasil" aprovar o retorno do auxílio emergencial sem contrapartidas fiscais. O fatiamento da PEC Emergencial, contudo, está sendo avaliado pelo Congresso Nacional, que quer garantir logo os pagamentos do auxílio emergencial, mas prefere discutir com mais calma os gatilhos de controle dos gastos públicos propostos pela equipe econômica.
"Isso seria caótico para o Brasil. Teria um efeito muito ruim para o Brasil", cravou Guedes. O ministro argumentou que o efeito do aumento do endividamento público, sem contrapartidas de controle de gastos, já ficou claro no ano passado, quando o rombo das contas públicas encostou em R$ 800 bilhões. E foi além: segundo Guedes, caminhar nesse sentido pode levar o Brasil para uma situação de crise parecida ao que é enfrentado na Argentina e na Venezuela.
"Tentou empurrar o custo para as futuras gerações, os juros começam a subir, acaba o crescimento econômico, começa a confusão, o endividamento em bola de neve, a confiança dos investidores desaparece, interrompe a criação de emprego, renda e inovação, aumenta o desemprego. É o caminho da miséria. O caminho da Venezuela, o caminho da Argentina. Está muito claro: tem um caminho da esquerda e um caminho da direita, sem nenhuma colocação ideológica", declarou o ministro.
Ele disse, então, que "tudo bem" voltar com o auxílio emergencial neste momento de recrudescimento da pandemia, desde que o benefício seja temporário e menor que os R$ 600 pagos no ano passado; e desde que o Congresso aprove contrapartidas fiscais, como o congelamento dos salários do funcionalismo público por dois anos e a reforma administrativa. "Ao mesmo tempo que faz uma coisa, tenta cortar do outro lado", pediu Guedes.
O ministro comparou a PEC Emergencial a uma forma de travar o crescimento do endividamento público e "enjaular a besta" dos gastos públicos. "A besta continua solta. Só que, em vez de se manifestar como inflação, se manifesta em juros altos e aumentos de impostos. A besta continua solta. Nosso problema na PEC é tentar enjaular a besta. Precisa ter responsabilidade fiscal", afirmou.
O ministro da Economia falou sobre a PEC Emergencial em entrevista gravada na sexta-feira (26/2) para o podcast Primo Rico, que foi ao ar nesta terça-feira (2/3). Questionado no podcast se o Brasil corre o risco de se transformar em uma Argentina ou uma Venezuela "se continuar desse jeito", Guedes disse que "seguramente". Ele calculou, inclusive, que o Brasil pode virar uma Argentina em três anos e uma Venezuela, em cinco ou seis anos, se fizer a coisa errada.
Otimismo
Guedes, no entanto, mostrou-se confiante em caminhar no sentido oposto, explicando que tem apoio do presidente Jair Bolsonaro para fazer as mudanças necessárias e apoio do Congresso Nacional para aprovar as reformas. "Acho que o Congresso vem junto", disse Guedes, para quem os parlamentares vão aprovar "o marco fiscal" mesmo diante das discussões sobre o fatiamento da PEC Emergencial. "Acho que o Congresso vai aprovar", disse Guedes.
O chefe da equipe econômica defendeu a aprovação da PEC Emergencial dizendo que o Brasil pode entrar em um "endividamento em bola de neve", que será pago pelas gerações futuras, se não houver esse controle dos gastos públicos. "Filhos e netos nossos terão impostos muito altos no futuro para pagar essa falta de coragem de uma geração de enfrentar seus problemas", afirmou.