O secretário de energia elétrica do Ministério de Minas e Energia (MME), Rodrigo Limp, foi o escolhido pelo governo de Jair Bolsonaro para assumir o cargo de presidente da Eletrobras. A indicação foi anunciada na madrugada desta quinta-feira (25/3), mesmo depois de a Eletrobras ter contratado uma consultoria especializada em recrutamento de executivos para definir o nome do seu próximo presidente.
Rodrigo Limp comanda a Secretária de Energia Elétrica do MME há um ano e também é membro do Conselho de Administração do Operação Nacional do Sistema Interligado (ONS). Antes disso, foi diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e consultor legislativo da área de recursos minerais, hídricos e elétricos da Câmara dos Deputados. Por isso, o governo afirmou, em nota, que a indicação de Limp visa ao aprimoramento da Eletrobras.
"A indicação reafirma o compromisso do governo na continuidade das ações visando ao aumento da eficiência operacional e ao aprimoramento da estratégia de sustentabilidade da Eletrobras, observando que o processo de capitalização, em tramitação no Congresso Nacional, é essencial para que a empresa se torne mais forte e competitiva; contribuindo para gerar emprego e renda à população brasileira; e proporcionando menores custos e melhores serviços aos consumidores de energia elétrica", afirmou o MME.
O nome de Limp, contudo, não estava na lista de indicados pela consultoria contratada pela Eletrobras com o objetivo de selecionar o sucessor de Wilson Ferreira Júnior, que renunciou ao cargo no início deste ano. Segundo Ferreira Júnior, a headhunter já havia entrevistado uma série de candidatos e concluiria esse processo nesta semana, em parceria com a diretoria da Eletrobras.
"O Sr. Rodrigo foi indicado pelo acionista controlador, não tendo sido selecionado pela assessoria Korn&Ferry, mencionada no comunicado ao mercado de 25 de janeiro de 2021", reconheceu a Eletrobras.
Em fato relevante divulgado ao mercado, a estatal disse, por sua vez, que, "não obstante, ele foi avaliado e recomendado pelo Comitê de Pessoas, Elegibilidade, Sucessão e Remuneração, entrevistado e aprovado, por maioria, pelo Conselho de Administração, e atende aos requisitos legais e de qualificação técnica necessários para o cargo".
O conselheiro de administração e coordenador do Comitê de Auditoria e Risco Estatutário da Eletrobras, Mauro Gentile Rodrigues Cunha, no entanto, votou contra a indicação de Limp e renunciou ao cargo diante da decisão do Conselho de Administração da Eletrobras de "acatar a indicação do acionista controlador para o cargo de Presidente da Eletrobras".
Em carta de renúncia, Cunha afirmou que a indicação de Limp vai contra o "processo sucessório com o qual este conselho se comprometeu" e "ignorou a opinião formal da consultoria externa independente contratada para nos assessorar neste processo, no sentido de que 'não recomenda o candidato para o cargo de Diretor Presidente'. "Houve ainda, infelizmente, quebra irremediável de confiança no processo de governança deste conselho. Diante desses fatos, apresento minha renúncia, irrevogável e irretratável", reclamou Cunha.
Rito
Rodrigo Limp não assume de imediato o comando da Eletrobras, que está interinamente nas mãos da diretora Elvira Presta. "Após a devida aprovação pela Casa Civil, o Sr. Rodrigo deverá ser eleito como conselheiro de administração, em assembleia geral ordinária, e, posteriormente, deverá ser eleito, pelo Conselho de Administração, como novo Presidente da Companhia", lembrou a Eletrobras, em fato relevante ao mercado.
A companhia, contudo, já convocou uma Assembleia Geral Ordinária (AGO) para 27 de abril com o intuito de eleger os membros do seu Conselho de Administração.
Para Wilson Ferreira Júnior, que deixou o comando da Eletrobras há cerca de 10 dias para assumir o comando da BR Distribuidora, a principal missão do seu sucessor é comandar as negociações sobre a privatização da companhia com o Congresso Nacional. O projeto de capitalização da Eletrobras foi retomado pelo governo neste ano, por meio de uma medida provisória, elaborada pelo MME. E, na opinião de Ferreira Júnior, não deveria passar por alterações no Legislativo.
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