Atividade

Centro-Oeste e Norte escapam da queda do PIB em 2020

Segundo o Banco Central, o Centro-Oeste cresceu 0,2% e o Norte cresceu 0,4% no ano passado, mesmo diante da pandemia da covid-19

Marina Barbosa
postado em 04/03/2021 12:07
 (crédito: Carlos Vieira/CB/D.A. Press)
(crédito: Carlos Vieira/CB/D.A. Press)

Apesar do tombo histórico de 4,1% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, duas regiões brasileiras conseguiram escapar de uma contração econômica em 2020. A conquista foi do Norte e do Centro-Oeste, que cresceram 0,4% e 0,2% no ano passado, respectivamente, segundo o Banco Central (BC).

O Índice de Atividade Econômica Regional, divulgado nesta quinta-feira (4/3) pelo BC, leva em conta o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) da autoridade monetária, que funciona como uma prévia do PIB. E  explica que, embora toda a economia brasileira tenha sido afetada pela pandemia de covid-19, esse impacto se deu de forma distinta entre as regiões brasileiras. Afinal, cada região tem uma estrutura econômica própria e recebeu de maneira diferente os auxílios governamentais que reduziram o tamanho do tombo do PIB em 2020, como o auxílio emergencial.

O Norte, por exemplo, foi favorecido nas duas pontas e, por isso, teve o melhor desempenho do Índice de Atividade Econômica Regional em 2020. A região cresceu 0,4% no ano passado porque recebeu uma grande fatia do auxílio emergencial, o que estimulou a atividade comercial; mas também porque abriga duas atividades econômicas que conseguiram lidar bem com a crise da covid-19: a agricultura e a construção civil.

O Centro-Oeste cresceu 0,2%, já que é o berço das maiores lavouras exportadoras do país e a agropecuária foi o único setor econômico a crescer em 2020 %. A atividade expandiu 2%, puxada pela safra recorde de soja e pelas exportações para a China, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

"O desempenho da atividade no Centro-Oeste repercutiu a combinação de sua estrutura produtiva com a safra recorde de grãos e as cotações das commodities, em especial de soja e carnes, que impulsionaram as vendas externas. A produção agrícola registrou elevação nas colheitas dos três principais grãos (soja, milho e algodão) e houve crescimento na fabricação de alimentos", comentou o Banco Central.

Já o Nordeste, o Sul e o Sudeste não escaparam da queda do PIB, mesmo tendo apresentado uma recuperação econômica significativa no segundo semestre do ano passado. Segundo o BC, a economia nordestina caiu 2,1% em 2020 porque depende muito das atividades de serviços, como hoteis e restaurantes. Essas atividades foram as mais afetadas pela pandemia de covid-19 já que dependem do contato social, por isso ainda impactaram o mercado de trabalho e o comércio da região. 

O Sul também caiu 2,1% no ano passado, mas por motivos diferentes. É que a economia local sofreu com quebras de safra no ano passado, mas também com a redução da indústria e do comércio. Já o Sudeste caiu um pouco menos: 1,3%. Isso porque, de um lado, o Sul foi prejudicado pelo fechamento de serviços que dependem do contato social e da queda da indústria automotiva; mas, de outro lado, foi impulsionado pela maior procura por serviços financeiros, como a contratação de crédito pelas empresas, e pela produção de alimentos e materiais de limpeza.

"A atividade econômica em 2020, similar ao ocorrido em outras economias, foi condicionada pelos efeitos da pandemia da covid-19, com resultados heterogêneos sobre os setores. Os programas governamentais de recomposição de renda favoreceram o setor de bens, enquanto as atividades de serviços, sobretudo as mais diretamente afetadas pelo distanciamento social, enfrentaram maior redução da demanda, com desempenho relativamente mais positivo apenas no último trimestre do ano. Essa desigualdade setorial, aliada às especificidades das estruturas produtivas e do alcance das medidas governamentais, determinou os distintos resultados regionais", concluiu o BC, em box do Boletim Regional divulgado nesta quinta-feira.

Contração

O BC também ressaltou, no entanto, que o recrudescimento da pandemia de covid-19 pode ter novos efeitos contracionistas sobre a atividade econômica em 2020. A autoridade monetária calcula até que a crise sanitária observada em janeiro no Amazonas, quando os casos de covid-19 explodiram por causa da nova variante do vírus, provocando até falta de oxigênio em Manaus, levaram o estado a uma contração econômica de "magnitude similar à observada em abril de 2020", no auge da crise da covid, quando a economia do Norte caiu 4,9%.

O Banco Central fez, então, um alerta: "Dadas as dinâmicas distintas de evolução da covid-19 nos estados brasileiros, o caso do Amazonas sinaliza os possíveis impactos de um agravamento severo da epidemia em outras regiões".

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