Mercado

Petrobras sofre novas perdas

Ações da empresa caem mais de 4% após a saída de conselheiros. Ontem, outro integrante anunciou que vai deixar o cargo. Suspeita de vazamento de informação privilegiada agrava a crise na estatal, que perdeu R$ 108 bilhões nas últimas semanas

Simone Kafruni
postado em 03/03/2021 22:56 / atualizado em 04/03/2021 01:33
 (crédito: Mauro Pimentel/AFP)
(crédito: Mauro Pimentel/AFP)

Com a suspeita de que houve vazamento de informação privilegiada sobre a interferência política na Petrobras — o que teria rendido R$ 18 milhões a um investidor no dia seguinte ao anúncio feito pelo presidente Jair Bolsonaro sobre a troca no comando da estatal —, os papéis da petroleira derreteram mais um pouco no pregão de ontem. As ações ordinárias caíram 4,88%, e as preferenciais, 4,32%. Enquanto a estatal segue perdendo valor de mercado, em cifras que extrapolam R$ 108 bilhões, a debandada de conselheiros aumenta, com o temor de verem seus nomes e CPFs envolvidos em ações judiciais.

Além dos quatro membros do Conselho de Administração que pediram, na terça-feira, para não terem o mandato renovado — João Cox Neto, Nivio Ziviani, Paulo Cesar de Souza e Silva e Omar Carneiro da Cunha —, a Petrobras anunciou, ontem, a saída do conselheiro Leonardo Pietro Antonelli. Ele informou à companhia que também não pretende ser reconduzido como indicado pelo acionista controlador, a União, na próxima Assembleia Geral Extraordinária (AGE), ainda sem data marcada, para eleição dos integrantes do colegiado. “A não recondução do conselheiro não impede que ele seja eventualmente indicado e eleito novamente pelos acionistas minoritários, caso haja solicitação de voto múltiplo e ele receba votos para tanto”, explicou a Petrobras, em comunicado.

A debandada começou a ocorrer após a notícia de que acionistas da Petrobras se preparam para entrar com ações coletivas contra a empresa por conta das suspeitas de informação privilegiada. Para o presidente da Macroplan, Claudio Porto, a preocupação dos conselheiros é ter a reputação atingida, com o envolvimento dos seus CPFs nos processos. “No lugar deles, eu faria a mesma coisa”, disse. “O risco da interferência política está se espalhando entre as estatais. Veja o caso do Banco do Brasil (o presidente do BB, André Brandão, colocou o cargo à disposição por divergências com Bolsonaro). Pode chegar à Eletrobras”, ressaltou.

Má reputação

Einar Porto, gerente de Relacionamento Institucional da Economática, explicou que o principal prejuízo da empresa é reputacional. “Esse é muito sério, porque a Petrobras perdeu reputação com a Lava-Jato e com a interferência no preço dos combustíveis durante o governo Dilma. A gestão de Castello Branco vinha tentando, a duras penas, se pautar pelos parâmetros do mercado globalizado. Não podemos esquecer que a Petrobras já foi a companhia mais endividada do mundo e continua muito alavancada”, avaliou o especialista.

“O golpe na reputação tem impactos negativos na atratividade das ações. As agências de classificação rebaixaram a recomendação. Isso tem um efeito no custo do financiamento da empresa, porque o prêmio de risco fica maior”, acrescentou Porto.

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