A economia brasileira caiu 4,1% em 2020. O tombo inédito é fruto da crise do novo coronavírus, mas é menor que o projetado no início da pandemia, por conta do efeito positivo de estímulos fiscais como o auxílio emergencial.
O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2020 foi divulgado nesta quarta-feira (3/3) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e veio em linha com o esperado pelo mercado. O resultado, contudo, é o pior da série histórica do IBGE, iniciada em 1996.
“O resultado é efeito da pandemia de covid-19, quando diversas atividades econômicas foram parcial ou totalmente paralisadas para controle da disseminação do vírus. Mesmo quando começou a flexibilização do distanciamento social, muitas pessoas permaneceram receosas de consumir, principalmente os serviços que podem provocar aglomeração”, analisa a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
De acordo com o IBGE, a pandemia provocou uma contração de 4,5% no setor de serviços e de 3,5% na indústria. Isso porque, diante da covid-19 e da alta do desemprego, o consumo das famílias despencou 5,5%, o pior resultado em 24 anos. O consumo do governo também registrou uma queda recorde de 4,7% e os investimentos, medidos pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), recuaram 0,8%. As exportações também diminuíram (-1,8%), mesmo diante do aumento das exportações da agropecuária - o único setor a crescer (2%) em 2020.
Especialistas dizem, no entanto, que o tombo do PIB poderia ter sido muito maior. É que o auxílio emergencial injetou R$ 293 bilhões na economia brasileira em 2020 e, por isso, ajudou a manter o consumo de bens essenciais e a puxar o consumo de itens como os materiais de construção em 2020. O Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades (Made) da Universidade de São Paulo (FEA/USP), por exemplo, calcula que o PIB do Brasil poderia ter caído entre 8,4% e 14,8% no ano passado não fosse o auxílio emergencial.
Trimestre
Em 2020, o IBGE constatou um recuo de 1,5% da economia brasileira no primeiro trimestre; um tombo inédito de 9,6% no segundo trimestre, quando foram anunciadas as primeiras medidas de distanciamento social no país; uma recuperação recorde de 7,7% no terceiro trimestre, quando o auxílio emergencial ajudou a elevar o consumo das famílias; e um alta de 3,2% do PIB no quarto trimestre.
O resultado do PIB do quarto trimestre de 2020 ainda revela uma contração de 1,1% da economia brasileira em relação ao mesmo período de 2019. Porém, veio um pouco melhor que o esperado pelo mercado. De acordo com o IBGE, na margem, o resultado foi influenciado pelo crescimento dos serviços (2,7%) e da indústria (1,9%), mas também dos investimentos (20%), do consumo das famílias (3,4%) e do consumo do governo (1,1%).
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