Analistas de mercado ouvidos pelo Banco Central estão certos de que a taxa básica de juros (Selic) subirá ainda neste mês de março para controlar a inflação. Dentre os números trazidos pelo Boletim Focus, está o aumento da projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2021, de 3,82% para 3,87%, e do Índice Geral de Preços — Mercado (IGP-M), de 8,02% para 8,88% em uma semana.
Economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito afirmou que o Focus mostrou uma piora significativa em alguns indicadores, e que, analisando o conjunto, cria-se um sentimento de um cenário mais difícil para a economia. “Os economistas estão vendo que está bem apertado este começo de ano. Não dá pra imaginar muito espaço para o Banco Central não conduzir algum tipo de aperto monetário”, disse. O relatório compila as estatísticas calculadas com base na expectativa do mercado coletadas até a sexta-feira anterior à divulgação do documento.
O economista-chefe da Órama Investimentos e professor do Ibmec do Rio de Janeiro, Alexandre Espírito Santo, disse que houve uma deterioração muito rápida dos números, do início do ano para cá. Ele pontuou que havia uma expectativa positiva, com o início da vacinação, mas que isso começou a se reverter de forma rápida. Somaram a isso os ruídos políticos, o retorno ou não do auxílio emergencial e o anúncio do presidente Jair Bolsonaro sobre a mudança na presidência da Petrobras.
Para ele, o mercado estava otimista no início do ano, mas, agora, “começou a cair a ficha”. Ele também ressaltou que, pelas expectativas do mercado, o Banco Central terá que subir a taxa de juros. “Não vai ter muito jeito; não vai ter como não fazer esse aumento sob pena de depois ter que correr atrás”, disse. A expectativa é de que a Selic passe dos atuais 2% para 2,5% ou 2,75% ao ano.
Economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez pontuou que o BC conduz a política monetária observando a expectativa, portanto é natural observar uma elevação da taxa de juros. Ao falar sobre o cenário, Sanchez citou a inflação, a alta do dólar, que vem caminhando para cima, e um Produto Interno Bruto (PIB) que “custa a crescer”. “Temos um relatório Focus, desde o último boletim, demonstrando um cenário econômico de deterioração, infelizmente”, disse.
O economista apontou que vários eventos impactam as expectativas. Ele citou que o anúncio da substituição do presidente da Petrobras, visto pelo mercado como uma interferência do governo federal na estatal, teve um papel negativo (ainda que pequeno) nos números; assim como a morosidade da vacinação e as novas variantes que circulam no país. “Vários acontecimentos em um curto espaço de tempo e todos eles, infelizmente, prejudiciais”, disse.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.