O estoque total de crédito no país ficou estável em janeiro de 2021, na comparação com dezembro de 2020, no valor de R$ 4,020 trilhões, o equivalente a 54,1% do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas do país), informou, nesta quinta-feira (25/2), o Banco Central. Quando se compara com os últimos 12 meses, houve elevação de 16%. A carteira de pessoas físicas cresceu 0,6% no mês e 10,9% em 12 meses, para o total de R$ 2,3 trilhões. A de pessoas jurídicas caiu 0,8% no mês, mas cresceu 23,1% nos 12 meses, atingindo R$ 1,8 trilhão.
No entanto, as famílias e as empresas pagaram taxas de juros mais altas no primeiro mês de 2021, de acordo com as Estatísticas Monetárias e de Crédito divulgadas pela autoridade monetária. A taxa média de juros para famílias no crédito livre chegou a 39,4% ao ano, alta de 2,2 pontos percentuais em relação a dezembro de 2020. Para as empresas, cresceu 3,5 pontos percentuais, para 15,2% ao ano.
Fernando Rocha, chefe do Departamento de Estatísticas do BC, explicou que, no segmento de pessoas físicas, o aumento dos juros foi, em parte, influenciado pelo crédito pessoal não consignado, que teve alta de 10,9 pontos percentuais no mês, para 85,4% ao ano. Tiveram impacto nesse resultado, as concessões de crédito feitas em dezembro pelos bancos estaduais aos servidores público, a taxas reduzidas. “Isso reduz a taxa em dezembro e aumenta em janeiro, quando não tem essa operação específica”, explicou.
Os juros do crédito consignado caíram 0,3 ponto percentual para 18,9% ao ano. A taxa do cheque especial chegou a 119,6% ao ano em janeiro, aumento de quatro pontos percentuais em relação a dezembro de 2020. Os juros médios do rotativo do cartão de crédito também influenciaram a alta dos juros para as famílias. A taxa chegou a 329,3% ao ano, com alta de 1,5 ponto percentual em janeiro.
Já o rotativo regular, quando o cliente paga pelo menos o valor mínimo da fatura, a taxa chegou a 311,7% ao ano, aumento de 9,8 pontos percentuais. O rotativo não regular (dos clientes que não pagaram ou atrasaram o pagamento mínimo da fatura) caiu 5,5 pontos percentuais em relação ao mês anterior e chegou a 342,2% ao ano. Importante destacar que o rotativo é aquele crédito que o consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão. O crédito rotativo dura 30 dias.
Após esse prazo, as instituições financeiras parcelam a dívida. Nesse caso, no cartão parcelado, a alta foi de 12,6 pontos percentuais, com a taxa de juros ficando em 161,5% ao ano. Fernando Rocha explicou, também, que a alta dos juros também teve como razão o aumento das cobranças pelos bancos.
Pessoas jurídicas
No crédito direcionado, a carteira de pessoas jurídicas atingiu R$ 684 bilhões em janeiro, representando variações negativa de 0,6% no mês e de 23% em 12 meses. O saldo direcionado a pessoas físicas atingiu R$ 1 trilhão, com expansões de 0,9% e 12,1%, nas mesmas bases de comparação, prosseguindo elevações em financiamentos rural e imobiliário.
As concessões totais de crédito somaram R$ 289 bilhões em janeiro. Na série com ajuste sazonal, ocorreu elevação mensal de 1,9%, com acréscimo de 3,5% no crédito às empresas, e redução de 1,2% no crédito às famílias. Na comparação com janeiro de 2020, as concessões totais contraíram 10,4%.
Nas contratações com empresas, a taxa livre foi de 15,2% ao ano em janeiro, com crescimento de 3,5 pontos percentuais em relação ao mês anterior. De acordo com o BC, o aumento de taxas foi disseminado pelas modalidades, com destaque para capital de giro, que subiu 5,4 pontos percentuais, chegando a 16,5% ao ano; e conta garantida, que teve aumento de 4,2 pontos percentuais, alcançando 34,3% ao ano.
Rocha destacou que, no mês passado, as taxas do capital de giro de curto prazo, importante para empresas, foram “um ponto fora da curva”. Na realidade, houve uma grande redução nas concessões dessa modalidade em dezembro, o que levou a uma piora no perfil de devedores e esse efeito de composição fez aumentar a taxa média de juros.
Inadimplência e saldo
A inadimplência (os atrasos no pagamento das faturas acima de 90 dias) das famílias, no crédito livre, caiu 0,1 ponto percentual, indo para 4,1%. A inadimplência das empresas no crédito livre aumentou 0,2 ponto percentual para 1,6%, informou o Banco Central.