As contas externas brasileiras tiveram deficit de US$ 7,3 bilhões em janeiro de 2021, em relação ao ano passado, quando ficaram negativas em US$ 10,3 bilhões, em janeiro de 2020. Esse é o melhor resultado para o mês desde 2018, quando o rombo foi de US$ 6,8 bilhões, de acordo com os dados divulgados pelo Banco Central. A redução no deficit foi motivada pelas retrações de US$ 1,4 bilhão e de US$ 900 milhões nas despesas líquidas de serviços e de renda primária, respectivamente, além do aumento de US$ 600 milhões, no saldo da balança comercial.
O deficit em transações correntes nos 12 meses encerrados em janeiro de 2021 somou US$ 9,4 bilhões (0,65% do PIB), ante US$ 52,8 bilhões (2,85% do PIB), em janeiro de 2020, e US$ 12,5 bilhões (0,87% do PIB), em dezembro de 2020. A balança comercial de bens registrou deficit de US$ 1,9 bilhão em janeiro de 2021, ante saldo negativo de US$ 2,5 bilhões em janeiro de 2020. As exportações de bens totalizaram US$ 15 bilhões em janeiro de 2021, aumento de 2,8% ante janeiro de 2020.
As importações de bens totalizaram US$ 16,9 bilhões, declínio de 1% na mesma base de comparação. Para janeiro de 2021, as importações de bens no âmbito do Repetro foram estimadas em US$ 2,3 bilhões, mesmo patamar de janeiro de 2020. O deficit na conta de serviços manteve a trajetória de retração e totalizou US$ 1 bilhão em janeiro de 2021 (menor valor mensal desde fevereiro de 2009), recuo de 59,1% em relação a janeiro de 2020, quando atingiu US$2,4 bilhões.
A conta de viagens internacionais segue evidenciando os impactos da pandemia e registrou despesas líquidas de US$ 39 milhões em janeiro de 2021, ante US$ 764 milhões em janeiro de 2020, recuo de 94,9%. Destaca-se também, na mesma base de comparação, a redução de 49,3% nas despesas líquidas de aluguel de equipamentos, de US$ 1,2 bilhão para US$ 612 milhões. A conta de transportes apresentou despesas líquidas de US$ 281 milhões, ante US$ 459 milhões em janeiro de 2020.
Em janeiro de 2021, o deficit em renda primária recuou 16,7% em relação a janeiro de 2020 e totalizou US$ 4,7 bilhões. As despesas líquidas de lucros e dividendos diminuíram para US$ 797 milhões, ante US$ 1,5 bilhão em janeiro de 2020. Isto decorreu principalmente do aumento de US$ 835 milhões nas receitas, para US$ 1,5 bilhão em janeiro de 2021. As despesas líquidas com juros somaram US$ 3,9 bilhões no mês, retração de 6,6% na comparação com janeiro de 2020, com recuo das receitas e das despesas.
Investimentos
Os ingressos líquidos em investimentos diretos no país (IDP) somaram US$ 1,8 bilhão em janeiro de 2021, ante US$ 2,7 bilhões observados em janeiro de 2020. Houve ingressos líquidos de US$ 2,8 bilhões em participação no capital e saídas líquidas de US$ 944 milhões em operações intercompanhia. Nos 12 meses encerrados em janeiro de 2021 o IDP totalizou US$ 33,4 bilhões (2,32% do PIB), ante US$ 34,2 bilhões (2,38% do PIB) no mês anterior e US$69,0 bilhões (3,73% do PIB) em janeiro de 2020. Em janeiro de 2021, os investimentos diretos no exterior (IDE) apresentaram aplicações líquidas de US$ 2,3 bilhões. Nos 12 meses encerrados em janeiro de 2021, entretanto, o IDE totalizou regressos líquidos (desinvestimentos) de US$ 17,3 bilhões.
Os investimentos em carteira no mercado doméstico totalizaram ingressos líquidos pelo oitavo mês consecutivo, somando US$ 6,2 bilhões em janeiro de 2021, dos quais US$ 4,7 bilhões em ações e fundos de investimento e US$1,5 bilhão em títulos de dívida. Nos 12 meses encerrados em janeiro de 2021, os investimentos em carteira no mercado doméstico somaram saídas líquidas de US$3,8 bilhões.
Reservas internacionais
As reservas internacionais atingiram US$ 355,4 bilhões em janeiro de 2021, recuo de US$ 204 milhões em comparação ao mês anterior. Não houve liquidação de operações de intervenção no mercado de câmbio; a receita de juros atingiu US$ 390 milhões. As variações por paridades e por preço contribuíram para reduzir o estoque, respectivamente, em US$ 333 milhões e US$ 269 milhões.
Estimativas para fevereiro de 2021
Para o mês de fevereiro a estimativa do resultado em transações correntes é de deficit de US$ 2,3 bilhões; a de IDP é de ingressos líquidos de US$ 6,5 bilhões, de acordo com os cálculos do Banco Central.