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Gasolina terá novos aumentos

Presidente do Sindicombustíveis-DF, Paulo Tavares diz que postos de Brasília não conseguem mais absorver a diferença e estão repassando os reajustes da Petrobras e os da base de cálculo do ICMS. Estatal vem elevando os preços há meses

Depois de sete aumentos da gasolina, promovidos pela Petrobras, nos últimos três meses, os brasileiros estão pagando mais de R$ 5 pelo litro do combustível. Segundo o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes do Distrito Federal (Sindicombustíveis-DF), Paulo Tavares, mais altas estão por vir. Em entrevista ao CB.Poder, ontem, ele explicou o que tem impactado os aumentos e porque devem continuar.

De acordo com Tavares, a secretaria de Fazenda do Governo Federal, busca o preço médio que é praticado na bomba e recalcula a cada 15 dias qual é a base de cálculo do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS). Ainda ontem esse recálculo impactou em um aumento de R$ 0,10 nas bombas.

“Se o litro de gasolina custa R$ 5,09, só de ICMS são R$ 1,43 e mais R$ 0,70 de imposto federal. Ou seja, dos R$ 5,09 quase a metade são de impostos. A revenda fica apenas com 15%”, disse. O ICMS varia de acordo com o estado. Em São Paulo, a alíquota de ICMS é de 25% e no Rio de Janeiro é 33%. “Isso possibilita, por exemplo, comprar o produto em São Paulo e revender com uma nota fria no Rio de Janeiro”, revelou.

Essa prática, segundo Tavares, pode ser pode ser resolvida com uma alíquota homogênea ou com a reforma tributária do país. “Existe sonegação fiscal porque não há uma alíquota homogênea. É preciso ter essa correção. O consumidor questiona porque o etanol é mais barato em Goiânia do que em Brasília, mas isso ocorre porque lá existe incentivo fiscal e aqui, não. É a famosa guerra fiscal dos estados”, ressaltou. “Em Brasília, a alíquota era de 25% até que o ex-governador do Rodrigo Rollemberg aumentou para 28%.”

O presidente Jair Bolsonaro disse, ontem, que terá novidades sobre o assunto. “Continuamos discutindo a questão do preço dos combustíveis. Espero ter novidade boa esta semana”, afirmou. Mesmo com a mudança na tributação, como promete o governo federal, o preço nos postos pode continuar aumentando, segundo Tavares. Isso acontece porque a política de preço da Petrobras está atrelada ao mercado internacional: ao valor do barril de petróleo e do dólar. E as duas variáveis estão em alta. “Em primeiro de novembro o barril custava US$ 38 e, no último domingo, fechou em US$ 63. Isso significa que teremos novos aumentos”, ressaltou Tavares.

Nas bombas
Não à toa, os preços praticados nos postos do DF pesam no bolso dos consumidores. Na BR 020, o preço da gasolina varia entre R$ 5,23 (Sobradinho) e R$ 5,29 (Planaltina). Na Asa Norte, EPTG e Pistão Sul em Taguatinga, é possível achar o litro por R$ 5,15 em boa parte dos postos. Além desses valores, muitos postos oferecem maiores descontos caso seja feito o download de um aplicativo da rede.

É o caso do morador do Recanto das Emas e autônomo Charles Alves, 34 anos. Para ter desconto, optou por baixar o aplicativo. “Com isso, há devolução de 10% do valor, o que ajuda a economizar”, contou. Porém, ele só abastece se o preço da gasolina estiver em conta. Caso contrário, opta por etanol. Para a vigilante Maria das Dores, 56, a saída é “pesquisar bastante”.

* Estagiários sob supervisão de Simone Kafruni