O Ibovespa teve dia de oscilação nesta quinta-feira (11/02). Pela manhã, o índice subiu mais de 1% e na máxima do dia atingiu 120.280 pontos, porém, durante a tarde, diminuiu os ganhos. Ainda assim, ao fim do dia, a bolsa fechou o pregão com alta de 0,73%, a 119.299 pontos, e um volume negociado de R$28.843 trilhões.
Regis Chinchila, analista da Terra Investimentos, explica que, depois de três dias de quedas, o índice se recuperou com a volta do otimismo dos investidores. “É a primeira vitória da nova base do governo capitaneada pelo Centrão no Congresso, sobre o tema da autonomia do Banco Central, que conseguiu aprovar o projeto com 339 votos. Além disso, a Câmara ainda aprovou o novo marco do câmbio e isso pode abrir espaço a contas em dólar no país”, pontua.
Para o analista, a autonomia do Banco Central é fundamental para o crescimento sólido do Brasil na sua estrutura de sociedade e no mercado de capitais. “Isso alinha o Brasil às economias mais relevantes do mundo e contribui para gerar estabilidade, maior confiança na nossa economia e atrair investimentos, garantindo um BC técnico e livre de qualquer influência”, salienta.
Problema fiscal
Chinchila ressalta, no entanto, que a possível volta do auxílio emergencial, com duração de três ou quatro meses, reacende a preocupação quanto ao quadro fiscal e as incertezas sobre os recursos do país.
Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora, explica que o ímpeto da compra perdeu bastante força após o presidente Bolsonaro confirmar que o governo estuda renovar o auxílio emergencial por mais três ou quatro meses a partir de março. “Segundo o presidente, a equipe econômica estuda, com o Congresso, uma alternativa para não violar o teto de gastos. A questão é que, ao longo da semana, essa contrapartida não seria por novas alternativas de receita, agenda de reforma ou redução de gastos, mas sim por uma nova Proposta de Emenda Constitucional (PEC) com uma cláusula de calamidade pública”, explica.
Segundo Ribeiro, se essa for a solução, o teto de gastos será flexibilizado. “Assim o rombo fiscal será maior, o que deve inclinar ainda mais a curva de juros e aumentar o nível de risco. Ou seja, quando traduzido para renda variável, significa menor potencial de valorização”. O analista pontua que caso o governo consiga costurar com o Congresso o avanço da agenda de reformas ao longo do ano e firmar o compromisso fiscal, “o mercado deve receber bem melhor a notícia”.
Dólar comercial
O dólar comercial também acelerou em alta e subiu 0,44%, a R$ 5,3938 na compra e R$ 5,3948 na venda. O economista autônomo Hugo Passos diz que o risco de estourar o teto de gastos é uma preocupação que também pressiona o câmbio. "A fala do presidente Jair Bolsonaro sobre prorrogar o auxílio e não sabendo de onde vai tirar o dinheiro, fez com que o câmbio voltasse a pressionar. O que poderia ser um arrefecimento do câmbio, seria uma agenda de reformas, como a administrativa e tributária", afirma.
O economista também acrescenta: "Vale lembrar um ponto importante sobre o pacote de estímulos monetários nos EUA de R$ 1,9 trilhão de dólares, isso fará com que a moeda americana fique mais fraca, tende a fazer os investidores a tirarem dinheiro da economia americana e investir em países emergentes, como o Brasil. Outro ponto seria a vacinação lenta no Brasil e a recuperação econômica", ressalta.
Hugo explica que esse conjunto de fatores contribui para que o dólar fique na casa dos R$ 5,40. Mesmo com uma agenda de grandes reformas, na avaliação do especialista, a moeda norte-americana não deve fugir da casa dos R$ 5,00.
*Estagiários sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza