O comércio brasileiro despencou 6,1% em dezembro de 2020. Ainda assim, conseguiu fechar o ano passado com um aumento de 1,2% das vendas, informou nesta quarta-feira (10/2) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com o IBGE, o recuo observado em dezembro é o maior para o mês desde o início da série histórica da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), iniciada em 2000. Por isso, eliminou os ganhos registrados nos meses anteriores, levando o comércio de volta ao patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020.
O recuo das vendas foi registrado em meio ao recrudescimento da pandemia, aos últimos pagamentos do auxílio emergencial e à alta da inflação, que elevou o preço dos alimentos e reduziu o volume de vendas dos supermercados no fim do ano. “O que acontece nos mercados influencia bastante a pesquisa. E, por conta dos resultados recentes do IPCA, o volume de vendas acabou sendo afetado”, afirmou o gerente da PMC, Cristiano Santos.
O gerente da PMC diz, no entanto, que a queda de dezembro pode ser vista como algo natural, já que as vendas do varejo tiveram uma alta expressiva antes disso. "A queda em dezembro é um reposicionamento natural, já que o patamar estava muito alto com os resultados de outubro e novembro”, afirmou.
Apesar da covid-19, o comércio brasileiro registrou seis meses consecutivos de alta entre maio e outubro do ano passado e, por isso, conseguiu bater patamares recordes de vendas em 2020. Para especialistas, o crescimento foi influenciado, em grande parte, pelos pagamentos do auxílio emergencial, que ajudaram a manter o consumo dos brasileiros na pandemia.
Por conta disso, o comércio fechou o ano passado com um resultado positivo, mesmo depois do baque de dezembro e do tombo observado no início da pandemia de covid-19 — em abril, por exemplo, o baque foi de 17,2%. De acordo com o IBGE, o comércio varejista cresceu 1,2% em 2020, no quarto ano consecutivo de crescimento do setor.
Setores
O aumento de vendas de 2020, no entanto, não foi sentido por todos as atividades do comércio. De acordo com o IBGE, todas as 10 atividades varejistas caíram em dezembro e metade também ficou no vermelho no acumulado do ano.
Segundo o IBGE, cresceram em 2020 as vendas de material de construção (10,8%), móveis e eletrodomésticos (10,6%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (8,3%), hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (4,8%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (2,5%).
Por outro lado, houve redução das vendas de livros, jornais, revistas e papelaria (-30,6%), tecidos, vestuário e calçados (-22,7%), automóveis, motos, partes e peças (-13,7%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-16,2%) e combustíveis e lubrificantes (-9,7%).
A queda acentuada das vendas de automóveis fez, inclusive, que o comércio varejista ficasse no vermelho no acumulado do ano. O varejo ampliado considera a venda de veículos e de materiais de construção e, de acordo com o IBGE, caiu 3,7% em dezembro e 1,5% no ano passado.
“As atividades tiveram dinâmicas diferentes durante o ano. Algumas foram muito afetadas pela pandemia e pelos momentos mais rigorosos de isolamento, como vestuário e combustíveis. Já outras se beneficiaram de mais pessoas em casa, como material de construção, ou não fecharam em momento algum, como hipermercados”, lembrou Santos.