Em meio à pandemia do novo coronavírus, o setor de eventos enfrenta a pior crise dos últimos anos. Na intenção de contornar o problema, a Associação Brasileira de Produtores de Eventos (Abrape) se reuniu em Brasília nesta terça-feira (9/2) para explicar a governantes sobre a difícil situação enfrentada pelo setor, que, de forma direta e indireta, extinguiu 450 mil empregos nos últimos meses.
O secretário da Cultura, Mário Frias, e o secretário de Fomento e Incentivo à Cultura, André Porciuncula, anunciaram nesta terça investimento de R$ 406 milhões no setor por meio de linhas de crédito do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento). A intenção é facilitar, por meio de fundos garantidores, essa contratação de crédito para trabalhadores do setor de cultura, entretenimento e eventos, com carência de dois anos e juros de 0,8%. "É uma solução emergencial para que estas famílias que dependem do setor não fiquem sem sustento", disse Porciuncula durante Assembleia Geral da Abrape em Brasília nesta terça-feira.
O cantor brasiliense Caio Viegas, de 23 anos, conta que, com a pandemia, a quantidade de shows que ele fazia reduziu para zero. Apesar de não ser sua única fonte de renda, ele sentiu um deficit de 50% em sua receita com a falta de eventos; e relembra que não são apenas os cantores que sofrem com o descaso com o setor. "Esse investimento pode ser um alívio, pois não são só músicos impactados por esse fim de apresentações. Uma casa de show, por exemplo, tem segurança, barman, roadie (profissional que dá apoio a banda com auxílio técnico) são muito afetados", explica Viegas que enxerga o investimento como um "gás para a retomada do setor".
O intuito dos encontros com a Abrape, que vão até quarta-feira (10), é agilizar a aprovação do Projeto de Lei que cria o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos — PERSE, de autoria do deputado federal Felipe Carreras (PSB/PE), que prevê uma série de medidas para apoiar e incentivar o setor.
No ano passado, o Ministério da Economia deixou de fora o setor de eventos como um dos grupos mais afetados pela pandemia da covid-19, em uma lista publicada no dia 15 de setembro de 2020, no Diário Oficial da União. A decisão deixou artistas e trabalhadores do setor ainda mais desamparados.
*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro