Pesquisa mostra como a pandemia afetou o comportamento do consumidor em 2020. O relatório Análise de Comportamento de Consumo, realizado pelo Itaú Unibanco e liberado nesta terça-feira (9/2), observou dados relativos às compras feitas ao longo do ano com cartões de crédito e débito emitidos pelo banco e às vendas transacionadas pela Rede, sua empresa de meios de pagamento, em todo o Brasil.
O relatório aponta que em janeiro e fevereiro de 2020 vinha sendo observado um crescimento superior a 16% nas vendas do comércio, quando comparado ao mesmo período de 2019. Esse crescimento, porém, foi interrompido no final de março com a chegada da pandemia no Brasil. Em abril, a queda nos valores transacionados foi de 22,4%, o maior impacto sentido ao longo do ano passado.
A partir do terceiro semestre do ano de 2020, os setores de estabelecimentos atacadistas, de materiais de construção, mercados, drogarias e cosméticos puxaram a recuperação do faturamento do comércio, que fechou o ano apenas 3,2% maior que em 2019. Os segmentos que se destacam pela perda de valores transacionados foram turismo, vestuário, cultura, esportes e entretenimento e educação.
Com as pessoas tendo de ficar em casa por mais tempo, os gastos com transporte urbano e com turismo caíram respectivamente 38,6% e 43,8, na comparação com 2019. Em contrapartida, os consumidores investiram mais em suas residências. O valor gasto com móveis de escritório cresceu 39% em 2020 quando comparado com 2019.
Em outra frente de itens comprados para a casa, incluindo materiais de construção e reforma, artigos de decoração e produtos para jardinagem e floricultura, o aumento foi de 29,8%. Também se destacaram as vendas de artigos relacionados a pets e serviços veterinários, com crescimento de 13,2%. As vendas de bicicletas cresceram 54,4% em faturamento, e as de equipamentos de streaming, livros, games e instrumentos musicais, 40,4%.
A primeira edição do relatório reconheceu que, em 2020, houve redução na frequência das compras com aumento do tíquete médio e investimento maior no ambiente doméstico. Assim, o estudo percebe como a pandemia da covid-19 e suas consequências, tais como o isolamento social, alteraram hábitos e padrões de compra em todo Brasil.
“Esse levantamento é produto da cultura de centralidade no cliente e da conduta orientada por dados do Itaú, disseminada por todo o negócio. A análise de uma ampla gama de informações tem sido o caminho para entendermos de maneira aprofundada quem é o nosso cliente e atendermos com mais agilidade às suas expectativas e às particularidades de novos momentos de consumo”, pontuou o diretor de Estratégia e Engenharia de Dados do Itaú Unibanco, Moisés Nascimento.
As vendas no varejo físico fecharam o ano empatadas com as de 2019, com as vendas do segundo semestre compensando as perdas do primeiro. Já o e-commerce transacionou 19,4% a mais que no ano anterior, com crescimento mais acelerado em restaurantes, atacadistas e materiais de construção. Ao final de 2020, os meios digitais já respondiam por 18,9% do total transacionado pelo varejo. Em 2019, esse valor era de 16,3%.
O valor do gasto médio por transação no comércio cresceu 6,9% sobre 2019. O crescimento foi mais acentuado entre os consumidores de maior poder aquisitivo e é explicado pelas mudanças de comportamento provocadas pela pandemia. Foi percebido que, para evitar saídas constantes de casa ou gastos extras com frete nas entregas em domicílio, o consumidor preferiu reduzir a frequência de compras, elevando o tíquete médio de cada transação, além de ter optado por pagar os bens adquiridos em mais parcelas.
Também foi reconhecido que a quantidade de pagamentos usando a tecnologia Aproxime e Pague (NFC) subiu exponencialmente após o início da pandemia, com crescimento acumulado no ano de 326%. Antes do isolamento, os pagamentos por aproximação vinham crescendo a uma taxa média mensal de 2,3%. Representantes do Itaú Unibanco apontaram que o comportamento permanecerá mesmo após a pandemia.
Perfis de consumo
A pesquisa também analisou os perfis dos consumidores. Na questão de gênero, foi observado que 50,4% das compras on-line foram feitas por mulheres. Os setores de vestuário, drogarias e atacadista foram os mais contemplados pelas consumidoras.
Os homens tiveram participação um pouco menor nas compras em canais digitais, mas o gasto médio por transação é 23,9% maior que o das mulheres. As compras nos setores atacadista, de eletrônicos e itens e serviços de saúde foram as que puxaram o crescimento do tíquete médio dos homens no ambiente digital.
Além disso, o relatório apontou que consumidores da geração X (nascidos entre 1965 e 1984) foram os que mais gastaram em 2020 (maior valor transacionado entre as gerações), tanto em compras on-line quanto presenciais. Já a geração Y (1985-1999) foi a que mais aumentou seu tíquete médio em relação ao ano anterior.
O estudo foi organizado pela Diretoria de Estratégia e Engenharia de Dados em parceria com a área de Pagamentos, ambos setores da empresa responsável pela pesquisa. O trabalho passará a ser divulgado trimestralmente.
*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro