Ações da Petrobras (PETR3; PETR4) e bancos pressionaram o Ibovespa, que fechou em queda nesta segunda-feira (8/2). O cenário internacional é positivo com estímulos fiscais do Joe Biden, mas no cenário brasileiro, reformas tributárias e prorrogação do auxílio emergencial dão tom de ansiedade no mercado.
No radar dos investidores também está a Petrobras, que teve queda nas ações de 3%. Na última sexta-feira a estatal emitiu um comunicado sobre mudanças em sua política de preços realizada no primeiro semestre do ano passado, mas isso levantou questionamentos quanto à transparência das decisões da estatal.
Com a junção desses fatores, a bolsa brasileira sofreu queda de 0,45%, a 119.696 pontos, com volume financeiro negociado de R$30,28 bilhões. Enquanto isso, as bolsas dos Estados Unidos subiram com as expectativas acerca da aprovação do pacote de estímulos de Joe Biden de US$1,9 trilhão. O índice Dow Jones alcançou alta de 0,76%, a 31.385 pontos; o Nasdaq subiu 0,95%, a 13.987 pontos; e a S&P teve crescimento de 0,74%, a 3.915 pontos. Já o dólar comercial caiu 0,21%, a R$5,3711 na compra e a R$5,3726 na venda.
Para o analista Rafael Ribeiro, da Clear Corretora, o índice da bolsa brasileira caminha sem forças para romper a faixa de 120 mil pontos. “Os investidores estão céticos quanto ao avanço da agenda de reformas e preocupados com os riscos de intervenção estatal na política de preços da Petrobras”, explica.
Ribeiro também comenta a insegurança relacionada à Petrobras. “A mudança da política de preços da estatal que foi implementada no ano passado sem comunicar ao mercado acabou motivando o rebaixamento de recomendações por bancos e corretoras. Além do fato de que a estatal poderá não obedecer às referências internacionais de preços de combustíveis ao alongar o prazo de reajuste de trimestral para anual, ou seja, interferir no resultado para atender possíveis demandas políticas”, pontua.
Reforma tributária
O economista-chefe da Messem Investimento, Gustavo Bertotti, alerta que o Brasil está com um desempenho errático. “A gente sobe e desce e fica na mesma, com oscilações muito altas”, define, e acrescenta: “Grande parte das bolsas internacionais fecharam positivas, mas nós fechamos em queda pela incerteza política”.
Por isso, Bertotti salienta que o alinhamento da Câmara e do Senado nos próximos dias é um fator importante. “Os investidores agora voltarão a se focar no nosso cenário doméstico, preocupados com a aprovação de pautas importantes do governo, como as reformas e também a prorrogação do auxílio emergencial”.
Para o economista, o desafio será conciliar a agenda reformista, com o auxílio e o teto de gastos do governo. “A partir de agora o mercado ficará muito atento ao andamento dessas questões, por isso descolamos do cenário internacional e não acompanhamos a alta dos demais mercados”, finaliza.
*Estagiário sob a supervisão de Fernando Jordão