O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira (8/2) que o novo reajuste dos combustíveis irá gerar "chiadeira com razão". A declaração foi feita a apoiadores na saída do Palácio da Alvorada. O chefe do Executivo, ressaltou ainda que não influencia na política de preços da Petrobras.
"Para diminuir, pela lei existente, eu tenho que arranjar outro lugar para tirar o dinheiro. A não ser que o parlamento se é que é possível, me dê autorização para diminuir sem apontar outra fonte para compensar isso que está sendo tirado. Não é novidade para ninguém. Está previsto outro reajuste de combustíveis para os próximos dias. Está previsto. Vai ser uma chiadeira, com razão? Vai. Eu tenho influência sobre a Petrobras? Não", apontou.
Ele também rebateu críticas que tem sofrido por parte da população a respeito do encarecimento de produtos e afirmou que não quer ser ditador. "Aí o cara fala, “Você é presidente do quê”? Ô, cara. Vocês votaram em mim, atrás de mim tem um montão de lei aí. Ou eu cumpro a lei ou vou ser ditador. E para ser ditador vira uma bagunça o negócio. Ninguém quer ser ditador e isso não passa pela cabeça da gente. Mas tem que começar a mudar as coisas no Brasil. Muita coisa está mudando no Brasil, mas muita mesmo", alegou.
Segundo Bolsonaro, ele deverá se reunir ainda hoje com a equipe econômica para decidir a respeito de uma eventual redução do PIS/Cofins no preço do diesel.
"O preço na refinaria é menos da metade do preço na bomba. Isso é fato. O que encarece são os impostos e mais outras coisas também. O imposto federal é alto, o estadual é alto, a margem de lucro das distribuidoras é grande e dos postos também é grande. Então, está todo mundo errado, no meu entendimento. Pode ser que eu esteja equivocado. Como diminuir isso aí? Porque ninguém quer perder. Hoje tenho uma reunião com a equipe econômica para ver mais uma vez se bate o martelo. Queremos diminuir os impostos federais", reforçou.
A Petrobras anunciou, nesta segunda-feira (8/2), mais reajustes nos preços da refinaria dos combustíveis. A partir desta terça-feira (9), o preço médio de venda de gasolina da Petrobras para as distribuidoras passará a ser de R$ 2,25 por litro, refletindo aumento médio de R$ 0,17 por litro no preço de venda. Por sua vez, o preço médio de venda de diesel passará a ser de R$ 2,24 por litro, refletindo aumento médio de R$ 0,13 por litro. O valor do gás de cozinha também sofreu alteração.
De acordo com a empresa, “os preços praticados pela Petrobras têm como referência os preços de paridade de importação e, dessa maneira, acompanham as variações do valor dos produtos no mercado internacional e da taxa de câmbio, para cima e para baixo.”
Governadores e pressão
O presidente também comentou sobre as reclamações de governadores a respeito da proposta. "Os governadores falam que não podem perder receita, que estão no limite. Eu entendo isso daí. O governo federal também está no limite, é verdade. Agora, quem está com a corda mais no pescoço que nós, presidente da República e governadores, é a população consumidora. Nossa dívida ultrapassa R$ 5 trilhões. Não dá nem para imaginar o que é isso aí. Isso atrapalha. Estamos fazendo o possível", justificou.
E completou: "Agora, para alguns dos problemas nossos: refinarias. No passado, no governo anterior, tentaram fazer três, gastaram bilhões e não terminaram nenhuma. Importamos parte do óleo diesel. Aí, a Petrobras alega: se não aumentar o diesel não vamos mais importar porque vamos importar algo para vender mais barato. Poderia haver desabastecimento. É um incógnita que não é fácil buscar solução. Agora, o pior pode acontecer. A gente não tem a preocupação de pressões. Obviamente, elas existem e são legítimas na maioria das vezes. Mas de acordo com a pressão, todo mundo perde. Temos que ter uma solução para isso".