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Campos Neto: 'Estamos muito perto de começar as reformas'

Para o presidente do BC, a definição dos novos presidentes da Câmara e do Senado vai permitir o andamento da agenda fiscal

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, está confiante que o país vai avançar nas reformas econômicas agora que foram definidos os novos presidentes da Câmara e do Senado. Ele explicou que as reformas são necessárias para colocar as contas públicas em ordem e, assim, fazer o país voltar a crescer.

"Estamos muito perto de começar a agenda (de reformas) no Congresso. É um grande desafio, mas acho que, passando a eleição no Congresso, temos condições de começar a solucionar esses problemas", afirmou o presidente do BC, em simpósio realizado nesta nesta terça-feira (02/02) pela revista britânica The Economist.

Campos Neto alegou que, antes da covid-19, o Brasil já vinha atacando as principais fontes de despesas do governo, como a Previdência e o pagamento de juros da dívida. E lembrou que a pandemia ampliou a necessidade de endereçar essa questão, já que os gastos e o endividamento público explodiram no combate ao novo coronavírus, agravando a situação fiscal do país.

O chefe da autoridade monetária destacou que o esforço fiscal foi grande, especialmente, nos programas de transferência direta de renda, como o auxílio emergencial. Por isso, quando questionado sobre a possibilidade de o agravamento da pandemia exigir novos auxílios sociais, afirmou que qualquer esforço tem que ser acompanhado por uma contrapartida fiscal.

Como já vem fazendo desde o ano passado, Campos Neto explicou que o país está perto de um ponto de inflexão em que o aumento dos gastos pode não trazer mais benefícios para a população. Em outras ocasiões, ele já afirmou que novos gastos vão ampliar as incertezas sobre a sustentabilidade das contas públicas e, por isso, podem trazer efeitos negativos como a alta dos juros e da inflação. "Se gastarmos mais, não sabemos se terá efeito desejável", ponderou.

O presidente do BC disse que é hora de atacar os custos da máquina pública, por meio de uma "reforma do Estado". Ele admitiu que é difícil tratar dessa agenda, mas disse que o Brasil precisa avançar nesse sentido para equilibrar as contas públicas e, assim, passar credibilidade ao mercado, de forma a atrair investidores. "Precisamos mostrar que somos sérios na convergência fiscal e isso envolve uma série de reformas", afirmou.

Apesar de ter sido transmitida nesta terça-feira, a declaração de Campos Neto foi gravada na última sexta-feira (29/01), segundo o Banco Central. Isto é, antes mesmo da definição da eleição de Arthur Lira (PP-AL) e de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) como presidentes da Câmara e do Senado, respectivamente, nessa segunda-feira (1/2).

Assim como o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes; Roberto Campos Neto, no entanto, vinha demonstrando confiança na vitória de Arthur Lira na Câmara dos Deputados. O presidente do BC teria, inclusive, participado de um bolão, com outros ministros do governo Bolsonaro, sobre a eleição de Lira na Câmara.

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