Em meio à instabilidade das ações da Petrobras na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) devido à provável mudança no comando da empresa por indicação do presidente Jair Bolsonaro, a estatal reportou o balanço dos seus resultados em 2020 aos investidores, nesta quarta-feira (24/2). Segundo os números, a companhia fechou o ano passado com um lucro líquido de R$ 7,108 bilhões.
Apesar do resultado positivo, o índice foi bastante inferior ao registrado no ano de 2019, quando a petroleira teve o maior lucro nominal da história. Naquele ano, o lucro líquido foi de R$ 40,137 bilhões, diferença de 82,3%.
Dentre as justificativas apresentadas pela empresa para o resultado, estão a queda de 35% do preço do Brent em dólares, maior impairment, menores ganhos com desinvestimentos e desvalorização de 31% do real em relação ao dólar americano.
Mesmo com a redução do lucro, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou aos investidores que a empresa teve “uma performance excepcional em um ambiente muito desafiador” em 2020. Havia a expectativa de parte do mercado de que o recorde de lucro líquido fosse renovado, mas ele ressaltou o fato de a empresa não ter fechado o ano no prejuízo.
Alguns dos pontos positivos do ano passado elencados pelo chefe da petroleira foram os de que as exportações de petróleo e óleo combustível e as produções de óleo e gás alcançaram recordes históricos.
“Custos foram reduzidos e configurados para permanecerem em trajetória descendente, a produtividade está subindo, a companhia está focada em investir em ativos de classe mundial e possui uma grande carteira de ativos não prioritários à venda”, salientou Castello Branco.
Desde a última semana, ele tem sido muito criticado por Bolsonaro, em especial pela recente alta nos preços dos combustíveis — neste mês, houve um reajuste de 10,2% para a gasolina e 15,1% para o diesel.
Por conta disso, o mandatário indicou, na sexta-feira passada (19), o general Joaquim Silva e Luna, atualmente diretor-geral da Itaipu Binacional, para substituir Castello Branco. Para ser efetivada, a mudança precisava do aval do Conselho de Administração da Petrobras, que convocou uma Assembleia Geral Extraordinária para deliberar sobre a troca.
O processo envolvendo a substituição da presidência da empresa fez com que as ações da Petrobras na B3 oscilassem bastante desde a última sexta. Naquele dia, os papéis da companhia caíram 7,2%. Na segunda-feira (22), despencaram quase 21%. A situação amenizou um pouco na terça-feira (23), quando as ações da petroleira subiram 10,5%, e nesta quarta, com uma alta de 1,34%.
Último trimestre positivo
O balanço divulgado nesta quarta mostrou que a Petrobras teve um ótimo desempenho no quarto trimestre do ano passado. No intervalo, o lucro líquido foi de R$ 59,890 bilhões. O resultado foi importante para a estatal fechar o ano no verde, visto que no trimestre anterior houve prejuízo de R$ 1,546 bilhões. O desempenho também foi melhor em relação ao último trimestre de 2019, quando a Petrobras teve lucro líquido de R$ 8,153 bilhões — diferença de 634,6%.
Segundo a empresa, contribuíram para isso a reversão de gastos passados do plano AMS, em R$ 13,1 bilhões, decorrente da revisão de obrigações futuras da empresa, bem como os ganhos com a exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS/COFINS de R$ 16,4 bilhões, as menores despesas gerais e administrativas, as menores contingências e os menores juros sobre dívidas.
Ainda houve uma redução em US$ 11,6 bilhões da dívida total da companhia na comparação com 2019 e uma retração em US$ 15,7 bilhões da dívida líquida da estatal em relação ao ano anterior. “A redução da dívida e menores custos da dívida contribuíram para uma queda substancial das despesas de juros. O caixa de US$ 12,4 bilhões ainda está acima do nível ótimo. Este deve ser reduzido ao longo do tempo para melhorar a eficiência da alocação de capital à medida que aparecem oportunidades atrativas para pré-pagamentos de dívidas”, afirmou Castello Branco.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da petroleira no ano passado foi de R$ 142,973 bilhões, alta de 10,6% ante os R$ 129,249 bilhões em 2019. Apenas no último trimestre de 2020, o lucro foi de R$ 47,043 bilhões, 40,7% a mais do que no trimestre anterior (R$ 33,440 bilhões) e 28,8% a mais do que no quarto trimestre de 2019 (R$ 36,529 bilhões).
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