As ações da Petrobras despencam mais de 16% nesta segunda-feira (22/2) com o mercado reagindo mal à decisão do presidente Jair Bolsonaro de fazer mudanças no comando da estatal. Com isso, o Ibovespa opera em forte queda de 4,5% e o dólar sobe mais de 2,5%, negociado acima dos R$ 5,50.
O nervosismo que toma conta da Bolsa de Valores de São Paulo (B3) nesta segunda-feira é fruto da troca da presidência da Petrobras, anunciada por Bolsonaro na sexta-feira (19), após o fechamento do mercado. E acentua as perdas já sofridas pela estatal. Na sexta-feira, as ações da Petrobras caíram mais de 6%, com o mercado no aguardo das mudanças prometidas pelo presidente da República. Por isso, a empresa já havia perdido R$ 28 bilhões em valor de mercado, segundo a Economatica.
A nomeação do general Joaquim Silva e Luna para o posto que hoje é ocupado por Roberto Castello Branco foi vista pelo mercado como uma interferência política que ameaça a autonomia e a rentabilidade da Petrobras. E os analistas ainda temem mudanças na política de preços da Petrobras, já que, depois da troca no comando, o presidente Jair Bolsonaro prometeu novas mudanças na estatal.
Por conta disso, as ações da Petrobras começaram o dia despencando. Por conta das 10h30, os papeis ordinários e preferenciais da estatal caíam cerca de 17%, negociados na casa dos R$ 22. O tombo é o maior do pregão desta segunda-feira e puxa para baixo o Ibovespa. O principal índice da B3 caía 4,64% por volta das 10h30, aos 112.939 pontos. Com isso, o dólar já bate os R$ 5,51 — valor que ainda não havia sido visto neste ano.
Outras quedas
Economista-chefe do banco digital modalmais, Alvaro Bandeira explicou que a queda da Petrobras mexe com todo o mercado já que a estatal representa cerca de 10% da ponderação do Ibovespa. A mudança na empresa ainda afeta a percepção do risco do país, como mostra a alta do câmbio, e eleva o temor de ingerências políticas em outras estatais.
Por conta disso, as ações do Banco do Brasil (BB) e da Eletrobras também operam em forte queda nesta segunda-feira. Os papeis do banco, que também quase teve o presidente, André Brandão, demitido por Bolsonaro neste ano, despencam 10,3%. Já as ações da Eletrobras, cujo CEO, Wilson Ferreira Junior, renunciou há um mês, caem mais de 6%.
"A interferência na companhia eleva o prêmio de risco para o país, justamente num momento em que os investidores no mundo se preocupam com o grau de endividamento dos países emergentes e mostram preocupação com a alta dos treasuries americanos", comentou Alvaro Bandeira. Ele lembrou que, por isso, os papeis da Petrobras não caem apenas no Brasil: os ADRs da Petrobras negociados na Bolsa de Nova York caíram cerca de 17% nesta segunda-feira.
"Ao substituir o então presidente Roberto Castello Branco pelo general da reserva Joaquim Silva e Luna, o primeiro militar a comandar a empresa desde 1989, o presidente da República confirma os temores de ingerência política na estatal. Além disso, ao longo do final de semana Bolsonaro ameaçou fazer o mesmo no setor elétrico, ao dizer que 'vamos meter o dedo na energia elétrica, que é outro problema também'. A consequência destes movimentos deve ser uma sessão marcada por mercado mais cauteloso, um real depreciado e abertura nas taxas dos contratos de juros futuros", completou a economista-chefe da Consulenza, Helena Veronese.
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