O presidente Jair Bolsonaro reafirmou nesta sexta-feira (19/02) que haverá mudança na Petrobras, mas continuou sem dar maiores detalhes. A declaração ocorreu após acionamento das comportas do 1º trecho do Ramal Agreste, em Pernambuco. O mandatário disse, porém, que não interferirá na política de preço dos combustíveis.
“Anuncio que teremos mudança, sim, na Petrobras. Jamais vamos interferir nessa grande empresa, na sua política de preço. Mas o povo não pode ser surpreendido com certos reajustes. Faça-os, mas com previsibilidade. É isso que queremos", apontou.
Em indireta ao presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, Bolsonaro disse também que "exige e cobra transparência de todos aqueles que tem responsabilidade de indicar“. "Se lá fora aumenta o barril do petróleo e aqui o dólar está alto, sabemos das suas repercussões no preço do combustível. Mas isso não vai continuar sendo um segredo de estado. Exijo e cobro transparência de todos aqueles que tenho responsabilidade de indicar", completou.
Após ser pressionado pelos caminhoneiros e pela população, o presidente Jair Bolsonaro anunciou em live na noite de ontem que a partir de 1º de março zerará os tributos federais incidentes no gás de cozinha de forma permanente. Sobre o diesel, as alíquotas de PIS/Cofins serão zeradas por dois meses. O congelamento, no entanto, veio depois de um reajuste superior a 27% no combustível neste ano. É o quarto aumento na gasolina e o terceiro do diesel em 2021.
A Petrobras anunciou que a partir de hoje (19), o valor médio do litro da gasolina, nas refinarias, será de R$ 2,48, alta de 10,2%, após reajuste de R$ 0,23. O preço médio do diesel será de R$ 2,58, depois de aumento de R$ 0,34 por litro, uma elevação de 15%. O mandatário criticou a medida.
“Teve um aumento, no meu entender, e vou criticar, um aumento fora da curva da Petrobras. Dez por cento hoje na gasolina e 15% no diesel, é o quarto reajuste no ano. A bronca sempre vem para cima de mim, só que a Petrobras tem autonomia”.
O presidente destacou ainda que “não tem quem não ficou chateado com o reajuste”. “A Petrobras tem essa garantia, né? Essa liberdade, autonomia, para reajustar os combustíveis levando em conta o preço do barril do petróleo lá fora e o preço do dólar aqui dentro. E outros fatores pesam negativamente no preço do combustível”, alegou.
Bolsonaro relatou que apesar de não interferir na estatal, “alguma coisa vai acontecer lá nos próximos dias”. Ele não deixou claro se a mudança envolve o cargo do presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco.
“A partir de 1º de março, por dois meses, não haverá qualquer imposto federal em cima do diesel. Por que por dois meses? Porque nestes dois meses nós vamos estudar uma maneira definitiva de buscar zerar este imposto no diesel. Até para ajudar a contrabalancear este aumento, no meu entender, excessivo da Petrobras. Mas eu não posso interferir nem iria interferir na Petrobras. Se bem que alguma coisa vai acontecer na Petrobras nos próximos dias. Você tem que mudar alguma coisa, vai acontecer”, prometeu.
Ele também disse que Castello Branco afirmou que "não tem nada a ver com caminhoneiros" e que a fala dele "terá consequência".
Petrobras em queda
Com receio de que a Petrobras seja alvo de uma interferência política, as ações da empresa operam em queda nesta sexta-feira (19/02). Os papéis da estatal estão em baixa desde o início do pregão desta sexta-feira e já caem mais de 4%. É uma das maiores quedas do pregão. A cautela em relação à Petrobras, associada às incertezas domésticas, ainda faz com que o Ibovespa opere na contramão do mercado mundial nesta sexta-feira. O principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3) abriu em queda de cerca de 0,6%, aos 118.485 pontos, enquanto bolsas de todo o mundo avançam. Ainda assim, o dólar opera em leve recuo, de 0,06%, negociado a R$ 5,42.
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