Os rumores de que o governo pretendia condicionar o pagamento de mais quatro meses de auxílio emergencial ao congelamento do salário dos servidores revoltou o funcionalismo. Eles venceram a primeira batalha, porque esse item deve ser retirado da PEC Emergencial, mas não baixaram a guarda diante da ameaça de outras medidas no mesmo sentido. “O governo quer jogar 67 milhões de brasileiros que estão com o pires na mão contra os servidores, como se fôssemos os culpados pelo fracasso da equipe econômica, que não tem capacidade para administrar o país”, afirmou Sérgio Ronaldo da Silva, secretário-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef).
“Como falar em congelamento de salários, se isso já acontece desde janeiro de 2017? A perda do poder de compra está chegando próximo aos 35%”, afirmou Silva. Ele lembrou que cerca de 65% dos servidores estão pendurados no crédito consignado. “Devem R$ 222,2 bilhões aos bancos, descontados nos contracheques.”
Rudinei Marques, presidente do Fórum Nacional das Carreiras de Estado (Fonacate), afirmou que, até o fim do ano, o governo vai economizar R$ 18,7 bilhões com o congelamento salarial em curso. “Esse valor atingirá R$ 30 bilhões no primeiro ano do próximo governo. Se considerarmos a inflação medida pelo IGP-M, que disparou nos últimos meses, o governo fará um caixa de R$ 75,4 bilhões”, disse. Medidas dessa natureza, reforçou, são contraproducentes quando a economia precisa de estímulos.
“Estudos do Cedeplar/UFMG apontam os efeitos contracionistas da PEC Emergencial, pois, por um lado, é um dinheiro que deixa de circular na economia e de movimentar as cadeias produtivas, por outro, gera incertezas que impedem investimentos”, analisou Marques.
Segundo Vladimir Nepomuceno, diretor da Insight Assessoria Parlamentar, para financiar o combate à pandemia, “bastaria fazer uma reforma tributária onde os verdadeiramente ricos fossem tributados”.
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