CB.AGRO

Valor bruto da produção agrícola bate recorde e ultrapassa R$ 1 trilhão

O setor também gerou mais de 60 mil empregos no ano passado e teve participação de 22% no PIB de 2019. Em relação à alta de preços dos alimentos, a expectativa da CNA é de que os valores se estabilizem após a colheita das primeiras safras deste ano

Edis Henrique Peres*
postado em 12/02/2021 17:47 / atualizado em 12/02/2021 17:56
 (crédito: Correio Braziliense)
(crédito: Correio Braziliense)

O valor bruto da produção agrícola brasileira ultrapassou R$ 1 trilhão, em 2020, e a expectativa é que setor continue com crescimento acentuado em 2021. A informação é de Renato Conchon, coordenador do Núcleo Econômico da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), entrevistado nesta sexta-feira (12/02) no CB.Agro — programa feito em parceria pelo Correio Braziliense e pela TV Brasília.

O especialista comentou o peso do setor no Produto Interno Bruto (PIB). “A participação do setor agropecuário no PIB, em 2019, era de 22%. Porém, para 2020, quando finalizarmos a contagem, esperamos que seja algo em torno de 25%. Mas, enquanto esperamos esses resultados, já podemos comemorar, porque 2020 bateu o recorde do valor bruto de produção, que foi de R$ 1 trilhão. Ainda assim, a estimativa é que, em 2021, a gente cresça e gere R$1,14 trilhão”, revelou Conchon.

O coordenador do Núcleo Econômico da CNA explicou que a visão da sociedade acerca do agronegócio mudou nos últimos anos. “Durante a crise econômica dos últimos quatro anos, foi o agronegócio que deu bons resultados para o Brasil. O setor agropecuário vem se destacando e gerando muita renda e emprego, não é mais o patinho feio que a sociedade achava.”

O setor gerou 61.637 vagas de emprego no ano passado, o melhor resultado desde 2011, segundo levantamento feito pela CNA com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). “O nosso setor não parou mesmo diante da pandemia, e fomos coroados com um ano, em relação ao clima, muito positivo, com investimentos em pacotes tecnológicos arrojados”, pontuou Conchon.

No entanto, o especialista destaca uma mudança nas características dos empregos gerados no campo. “No passado, quando uma pessoa não tinha capacitação formal ia trabalhar no campo. Hoje, isso está diferente, porque a agricultura exige a capacitação do trabalhador, seja para trabalhar com GPS, seja na agricultura de precisão ou na pecuária. O nível de conhecimento tecnológico tem que ser grande”, explicou.

Para Conchon, muitos profissionais saem despreparados para o mercado profissional, por isso, o Brasil deve olhar para a população que carece de formação intelectual. “A gente sofre de deficiência de informação em todas as regiões do Brasil, mas o Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) tem algumas iniciativas no sentido de oferecer qualificação para o público. O serviço oferece cursos tecnológicos, de aperfeiçoamento e capacitação da mão de obra. Assim há o casamento entre a necessidade de emprego do trabalhador e a necessidade de uma mão de obra qualificada”.

Aumento do preço dos alimentos

Questionado sobre o aumento de preços dos alimentos nas feiras e supermercados, Conchon destaca que se trata de uma conjunção de fatores. “Muito se fala sobre a inflação dos alimentos, mas temos que tomar cuidados ao usar esse termo. O que estamos vendo é um aumento pontual dos preços em diversos produtos, decorrente da demanda do brasileiro, que aumentou muito, e das cotações do mercado internacional”, disse.

O coordenador explicou que, com a circulação do auxílio emergencial, a procura por alimentos cresceu e causou uma pressão sobre o preço dos produtos. “É a lei da oferta e da demanda. A desvalorização do real frente ao dólar também responde por parte do aumento, pois estimulou exportações e encareceu importações."

Apesar da situação de alta, Conchon espera que os preços se estabilizem. “Ao longo das safras agrícolas, conforme os produtores forem colhendo e colocando essa nova mercadoria no mercado, teremos uma acomodação dos preços. O que estamos vendo no momento, mesmo que seja preocupante para as famílias, é um aumento temporário em alguns preços de produtos alimentares”, finalizou.

*Estagiário sob supervisão de Odail Figueiredo

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação