BANCO DO BRASIL

Sem conversar com Bolsonaro, Brandão mantém reestruturação do BB

Presidente da instituição financeira garante que a medida não representa a saída do banco de nenhuma cidade do país, como temia a classe política

Marina Barbosa
postado em 12/02/2021 11:04 / atualizado em 12/02/2021 11:04
 (crédito: Fernando Bizerra)
(crédito: Fernando Bizerra)

O presidente do Banco do Brasil (BB), André Brandão, ainda não foi recebido pelo presidente Jair Bolsonaro para esclarecer os impactos do plano de reestruturação do BB, que quase custou a sua demissão no início deste ano. Porém, garantiu nesta sexta-feira (12/2) que o plano está mantido e indicou que as medidas de corte de gastos do BB podem até crescer, com o fechamento de agências no exterior.

"Não conversei diretamente com o presidente Jair Bolsonaro, mas entendo que ele entendeu e pretendo, com mais calma, explicar o processo de eficiência assim que a agenda dele permitir", disse Brandão, ao ser questionado por jornalistas sobre o relacionamento com Bolsonaro nesta sexta-feira, durante a apresentação do resultado do banco em 2020. No ano passado, o lucro líquido ajustado do BB caiu 22,2%, por conta do aumento de provisões exigido pela pandemia de covid-19.

O executivo também reconheceu que o impasse criado pelo plano de reestruturação do BB deixou claro que o banco precisa "melhorar no aspecto de comunicação". Ele argumentou que, pela forma como o plano de reestruturação foi anunciado, por meio de um fato relevante divulgado ao mercado, "é muito razoável que o presidente, prefeitos, governadores e deputados ficassem preocupados". Porém, garantiu que o BB também vai dialogar com esses agentes para mostrar que a medida não vai representar a saída do banco de nenhuma cidade do país.

"Não estamos reduzindo ou desassistindo clientes, nem estamos saindo de cidades. Estamos em 4.883 municípios. Após esse movimento, continuaremos em 4.883 municípios. Nenhum será desassistido", afirmou. Ele explicou que os municípios que estão na mira do plano e têm apenas uma agência do BB vão ganhar um correspondente bancário ou uma agência especializada, menor, em troca. "De forma alguma a gente vai desassistir nenhum município, em nenhum estado", ressaltou.

Segundo o executivo, apesar desse impasse, o BB vai manter o plano de reestruturação que prevê o fechamento de 361 unidades de atendimento, sendo 112 agências, 7 escritórios e 242 postos de atendimento, além do desligamento voluntário de 5.533 funcionários do banco.

Brandão argumentou que a reestruturação visa adequar o BB ao novo perfil do cliente financeiro, que está mais digital e busca um atendimento mais personalizado. Por isso, revelou que, ao mesmo tempo em que vai fechar 361 postos de atendimento considerados ineficientes, o BB vai abrir outros canais de relacionamento com o cliente, voltados especificamente para os consumidores digitais, para o agronegócio e para os clientes de perfil investidor.

"De forma alguma o BB quer desassistir o cliente. Pelo contrário, queremos atender todos os clientes, queremos mais clientes. Estamos crescendo. Temos 18,3 mil pontos de atendimento no Brasil. Após essa movimentação, a gente vai crescer para 18,4 mil pontos. São 100 pontos adicionais", revelou o executivo.

Corte de gastos

A reestruturação da rede de agências do Banco do Brasil faz parte de um plano de eficiência que quer cortar em 10% as despesas administrativas do BB. Também fazem parte desse processo os programas de desligamento voluntário que tiveram a adesão de 5,5 mil funcionários neste ano, a revisão do plano de cargos e carreiras, ampliação do home office e a reestruturação da rede de atendimento do banco no exterior.

"Nossas despesas administrativas estão por volta de R$ 31 bilhões por ano. Nosso desafio é cortar aproximadamente 10%, R$ 3 bilhões em despesas recorrentes administrativas em processo de eficiência. Para isso, estamos tomando várias ações", argumentou Brandão, que prometeu acelerar essas ações nos próximos meses. O executivo pretende apresentar no próximo balanço do banco, relativo ao primeiro trimestre, por exemplo, medidas de eficiência no exterior.

 

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação