CONJUNTURA

13º e INSS podem ajudar a quitar dívidas com o fim do auxílio emergencial

Para amenizar o fim do auxílio emergencial, o governo decidiu antecipar o 13º salário do INSS e o abono salarial para o início do ano. Especialistas dão dicas sobre como melhor empregar o dinheiro

Vera Batista
Fernanda Strickland
Bruna Pauxis*
postado em 08/02/2021 06:00
 (crédito: Fernando Lopes/CB/D.A Press)
(crédito: Fernando Lopes/CB/D.A Press)

O governo anunciou a antecipação do abono (Pis/Pasep, espécie de 14º salário para trabalhadores da iniciativa privada e servidores que ganham até dois salários mínimos) e sinalizou que fará o mesmo com o pagamento do 13º salário de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Nos cálculos de Fábio Bentes, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), serão injetados na economia, pelo menos, R$ 37 bilhões. A medida faz parte do pacote de ações da equipe econômica para reduzir os efeitos da pandemia sobre a renda dos trabalhadores. De acordo com a resolução do governo, repasses que estavam previstos para meados de março ocorrerão a partir de 11 de fevereiro.

Cerca de R$ 20 bilhões da primeira parcela do 13º, mais aproximadamente R$ 17 bilhões do abono salarial. “O montante representa mais ou menos 15% do total pago pelo auxílio emergencial em 2020 — R$ 254 bilhões, para 66,4 milhões de pessoas”, afirma Bentes. Quem vai receber o dinheiro extra, no entanto, não pode deixar a emoção falar mais alto. “Como já diz a música de Paulinho da Viola, ‘Dinheiro na mão é vendaval’”, alerta Sandro Rodrigues, economista, contabilista e fundador da Attend Assessoria Consultoria e Auditoria S/S.

“É importante ter consciência de que, em dezembro de 2021, o cidadão não terá essa parcela que foi antecipada. As despesas natalinas ficarão mais magras. Economizar essa quantia, agora, com um investimento adequado ao seu perfil é a forma mais garantida de ter o Natal nos padrões desejado”, aconselha Rodrigues. “Pesquise qual é o melhor investimento. Lembro que a poupança está com rendimento atualmente negativo, ou seja, seu poder de compra nas festas de fim de ano ficará menor se essa for a aplicação escolhida”, alerta.

Já quem está no vermelho, não deve pensar duas vezes. A saída, segundo o especialista, é negociar e quitar as dívidas, principalmente cartão de crédito, crediário, cheque especial. Outra dica é se livrar das contas que chegam no início do ano (IPTU, IPVA, seguro do carro, seguro da casa, aluguel, entre outros).
Contudo, caso o contribuinte tenha o sonho de se tornar um microempreendedor, o dinheiro extra poderá ser o pontapé inicial. “Resumindo, o valor recebido antecipadamente deve ser bem utilizado”, sintetiza o fundador da Attend Assessoria Consultoria e Auditoria S/S.

Reserva

Em meio à pandemia do novo coronavírus, altos índices de desemprego e de inflação, não importa a classe social do consumidor. “Além do pagamento das dívidas, é importante fazer uma reserva de emergência”, ensina Fabrizio Gueratto, financista do Canal 1Billhão Educação Financeira. Eliminada a dor de cabeça com os credores, é preciso ter em mente o tamanho ideal da poupança para enfrentar possíveis dificuldades futuras: deve ser o equivalente a, no mínimo, seis meses do seu custo de vida. “Se você gasta R$ 1 mil por mês, tem que reservar de R$ 6 mil a R$ 12 mil investidos, por exemplo, na renda fixa”, explica Gueratto. E seja qual for o investimento escolhido, ele precisa ter liquidez diária.

“A terceira dica é fazer uma carteira de investimento diversificada. A renda variável (ações, dólar) — como proteção — não pode ficar de fora. Não tem mais como não correr um certo risco, para lucros maiores em médio prazo”, garante.

A técnica de enfermagem Eliene Santos Mariano, 39 anos, explica que tentará seguir os conselhos dos especialistas. “Estou atenta. Pretendo pagar dívidas ou antecipar outras despesas fixas como IPTU, IPVA. Despesa fixa não falta”, admite. Ela conta que, em 2020, pegou a quantia que o governo liberou e quitou faturas cartão de crédito.

Para Eliene, a chegada mais cedo do 13° tem que ser vista por dois prismas. “Por um lado, acho bom, porque dá uma ajuda nas finanças. Atualmente, tudo está muito caro. A maioria dos produtos de consumo foi superfaturada. Por outro lado, quando chega dezembro, sinto falta desse recurso, já que, em janeiro, voltam à agenda outras contas recorrentes”, lamenta.

*Estagiárias sob a supervisão de Andreia Castro

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