A indústria brasileira fechou 2020 no vermelho, mesmo tendo registrado oito meses consecutivos de recuperação após o baque sofrido no início da pandemia de covid-19. Dados divulgados nesta terça-feira (2/2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) explicam que, no acumulado do ano, a produção industrial diminuiu 4,5%.
Segundo o IBGE, a indústria brasileira levou um tombo de 27,01% entre março e abril de 2020, quando diversas fábricas suspenderam a produção por conta do risco de contágio pela covid-19. Depois disso, no entanto, o setor vem se recuperando de forma constante. Em dezembro, por exemplo, a produção industrial cresceu 0,9% em relação a novembro e 8,2% na comparação com o mesmo mês do ano passado.
Ao todo, foram oito meses consecutivos de alta, o que rendeu à indústria um crescimento acumulado de 41,8% entre maio e dezembro de 2020. Com isso, o setor conseguiu recuperar as perdas sofridas no início da pandemia. Segundo o IBGE, o setor industrial já está 3,4% acima do patamar de fevereiro de 2020.
O avanço, contudo, não foi suficiente para garantir um ano positivo para o setor. É que, antes da covid-19, a produção das fábricas brasileiras já vinha em ritmo lento — em janeiro e fevereiro, a indústria cresceu apenas 1% na margem. O resultado foi uma contração de 4,5% no ano.
Este foi o segundo ano consecutivo em que a indústria brasileira viu sua produção diminuir. Em 2019, o setor já havia encolhido 1,1%. Também é o pior resultado anual desde 2016, quando o baque foi de 6,4%. O IBGE calcula que, desta forma, o setor está 13,2% abaixo do seu nível recorde, alcançado em maio de 2011.
Setores
De acordo com o IBGE, a recuperação da indústria foi significativa nos últimos meses. A produção de veículos, por exemplo, acumulou uma expansão de 1.308,1% nos últimos oito meses, mais do que o suficiente para eliminar a perda de 92,3% sofrida no início da pandemia. Ainda assim, todas as quatro grandes categorias industriais fecharam o ano de 2020 com saldo negativo.
O maior baque foi justamente na produção de bens de consumo duráveis, que caiu 19,8% em 2020, refletindo, sobretudo, a fabricação de automóveis. É que, apesar da recuperação dos últimos meses, o setor fechou o ano com uma queda de 34,6%.
Ainda houve redução da produção nacional de bens de capital (-9,8%), por conta de equipamentos de transporte (-22,7%) e para fins industriais (-5,1%). Os setores de bens de consumo semi e não-duráveis (-5,9%) e de bens intermediários (-1,1%) também acumularam taxas negativas no ano.
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