O Banco Central (BC) promoveu uma live para explicar sobre o open banking. O processo, cuja primeira fase tem início nesta segunda-feira (1º/2), pretende mudar a forma como os dados de clientes transitam entre empresas. “O Open Banking parte do pressuposto que o consumidor é titular de seus dados cadastrais e financeiros e pode transferir essas informações que lhe pertencem para outra instituição, em busca de melhores serviços e preços mais baixos”, afirmou o presidente do BC, Roberto Campos Neto.
Segundo Roberto, o Open Banking tem como objetivos a integração de serviços financeiros às diferentes jornadas digitais dos clientes, entrega de serviços customizados, assistência ao planejamento de empresas, surgimento de novos modelos de negócio, entre outros. “O Open Banking está para o sistema financeiro assim como a internet está para a sociedade. Os benefícios e casos de uso serão visíveis ao longo dos próximos meses e anos”, afirmou Campos.
A partir desta segunda, começa a disponibilização dos dados — públicos — de instituições financeiras. Informações sobre serviços, produtos e canais de atendimento serão ofertadas aos clientes, que poderão definir suas preferências para a próxima fase. Segundo Otávio Damaso, diretor de regulação do Banco Central, essa primeira etapa permitirá, inclusive, o surgimento de sites e empresas que fazem comparação entre preços e produtos de instituições financeiras para o cliente decidir sobre qual serviço contratar.
“Toda a estrutura do Open Banking estará concluída em 2021, mas ela é a plataforma para o desenvolvimento de novos modelos de negócio e formas de interação de clientes com o sistema financeiro", afirmou Otávio. “Ao longo dos próximos meses e anos veremos uma grande transformação no mercado financeiro”, completou.
João André Pereira, chefe de departamento de regulação do sistema financeiro do BC, explicou, durante o evento, que a proposta do Open Banking é facilitar a vida das pessoas, mas ressaltou que a preocupação com a segurança é um dos pilares da ideia e assegurou que tudo acontece a partir da autorização do cliente, que escolhe o que compartilha e até quando compartilha. Além disso, todas as empresas envolvidas no processo de compartilhamento são fiscalizadas e autorizadas pelo próprio Banco Central.
O que é o Open Banking?
O Open Banking é um projeto que faz parte da agenda do Banco Central focada em criar o “sistema financeiro do futuro”. O Pix, sistema de pagamento instantâneo lançado em novembro de 2020, também faz parte da série de projetos adotados pelo BC com o objetivo de modernizar o mercado financeiro.
Por meio do compartilhamento de dados, o Open Banking permite com que o cliente, ao iniciar relação com alguma instituição financeira, tenha seu histórico transferido por outra instituição da qual já fazia parte. A ação facilita, por exemplo, o processo de realizar empréstimos de outros bancos, tendo em vista que a instituição terá acesso ao histórico do cliente. “Todas as informações que irão transitar no Open Banking já existem hoje, mas ficam restritas apenas a uma instituição financeira”, explicou Otávio Damaso.
Para João André, o projeto é como uma “grande rede social do mercado financeiro”, que permite com que as pessoas possam “montar seu próprio banco”, ou seja, comparar serviços e produtos oferecidos por diferentes instituições financeiras e se vincular, de forma mais rápida e fácil, ao que desejarem. “No final o Open Banking não é um produto, é um fundamento, na verdade. Estamos criando um fundamento que vai transformar toda a forma de fazer negócio dentro do mercado financeiro", afirmou o chefe de departamento de regulação do sistema financeiro do BC.
Como funciona o Open Banking?
O projeto é dividido em quatro fases e tem previsão de conclusão no final de 2021. Na primeira fase, não há compartilhamento de dados de clientes. Segundo o BC, a primeira etapa tem como objetivo divulgar dados sobre as características, produtos e serviços das próprias instituições financeiras.
Na segunda fase, que terá início em 15 de julho deste ano, o cliente poderá autorizar o compartilhamento de seus dados pessoais — como, por exemplo, nome e endereço — ou financeiros, como o extrato de sua conta bancária. Segundo Ísis Galote, responsável pela área de experiência do usuário na Governança do Open Banking Brasil, o cliente escolhe se deseja compartilhar as informações, sobre o que deseja compartilhar e pode parar o compartilhamento a qualquer momento.
A fase três, prevista para iniciar no dia 30 de agosto, é voltada aos serviços e acessos facilitados para o dia a dia, como a efetuação de pagamentos e contratação de créditos. Durante esse período devem começar a dialogar os serviços de Pix e Open Banking.
Por último, em 15 de dezembro tem início a fase quatro do programa, com o objetivo de ampliar as fases anteriores. “A partir dali você poderá compartilhar dados de outros produtos, como, por exemplo, seguro e previdência”, afirmou Ísis.
Estagiária sob supervisão de Vinicius Nader
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