PEDIDO DE DEMISSÃO

Eletrobras: Mercado vê renúncia de Wilson Ferreira Junior como empecilho à privatização

Com a B3 fechada devido ao feriado do aniversário de São Paulo, mau-humor é sentido nos papeis da Eletrobras que são negociados na Bolsa de Nova York e afundam 11% nesta segunda-feira (25/1)

O mercado reagiu mal à renúncia do presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, pois vê a saída como um empecilho a mais ao projeto de privatização da companhia. O baque ainda não é sentido na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), já que os negócios estão suspensos nesta segunda-feira (25/1) em virtude de feriado municipal em São Paulo. Porém, já atinge os papeis da Eletrobras que são negociados na Bolsa de Nova York.

As ADRs (American Depositary Receipts) da Eletrobras afundam mais de 11% nesta segunda-feira na Bolsa de Nova York, no quinto dia consecutivo de queda. Diretor da Mirae Asset, Pablo Spyer explicou que o pedido de demissão do executivo "frustra as expectativas de que liderasse a continuidade de planos para a privatização da companhia".

Wilson Ferreira Junior renunciou à presidência da Eletrobras na noite de domingo (24), após comandar, por mais de quatro anos, o projeto de reestruturação que visava à privatização da companhia. Ele alegou razões pessoais, mas o mercado viu a saída como um empecilho a mais para a desestatização.

O executivo era um dos principais defensores da venda da Eletrobras, que está na lista de privatizações do Palácio do Planalto desde o governo de Michel Temer e é prometida para este ano pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, mas sofre resistência no Congresso Nacional.

Favorito na disputa pela presidência do Senado, o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), por exemplo, declarou recentemente que esta não era uma das suas prioridades. Pacheco tem apoio do presidente Jair Bolsonaro na disputa no Senado. Agora, portanto, o mercado está de olho no nome que será indicado como sucessor de Wilson Ferreira Junior e já há temores em relação a uma possível indicação política, visto que os cargos da Eletrobras sempre foram cobiçados pelo Centrão.

Trajetória de queda

Por conta disso, analistas dizem que será preciso olhar com atenção para o movimento das ações da Eletrobras na reabertura da B3, nesta terça-feira (26). Lembram também que as ações da empresa já vêm em uma trajetória de queda forte. Na sexta-feira, por exemplo, as ações ordinárias da Eletrobras despencaram 3,39% e fecharam o dia negociadas a R$ 30,24. Já as ações preferenciais da companhia caíram 2,7%, negociadas a R$ 30,58, por conta da declaração de Pacheco. No ano, as ações acumulam uma queda de aproximadamente 16%.

O analista técnico da Ativa Investimentos, Marcio Lórega, disse que, como a queda foi grande nas últimas semanas, o mercado pode já ter embutido um cenário mais desafiador à privatização nos preços dos papeis. Porém, diz que é preciso ficar atento ao movimento desta terça-feira, já que a renúncia de Junior é mais uma notícia que pesa negativamente nas ações da Eletrobras.

"A questão da privatização não só fica em dúvida, como, neste momento, fica mais distante do que se esperava, porque o CEO da Eletrobras foi colocado lá para auxiliar no processo de privatização. Com experiência de mercado, ele colocou programas que tinham visão mais pró-mercado, focados em deixar a empresa mais enxuta, para deixar o processo de transição mais tranquilo", explicou Lórega.

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