Infraestrutura, tecnologia e gestão são fundamentais para lidar com a administração da água, além de uma população ciente da importância do recurso. Esse é o diagnóstico do pesquisador da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e diretor da Adasa (Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal), Jorge Werneck.
“No Brasil temos a maldição da abundância. Como a gente sempre teve muita água, pensamos que nunca vai faltar. Nosso território abarca cerca de 18% da água doce do mundo, mas ela está mal distribuída A maior parte está na Amazônia e temos locais, no Nordeste semiárido, por exemplo, onde praticamente não tem água. Por isso, tecnologia, adaptação e conhecimento são fundamentais”, ressaltou.
Werneck foi o entrevistado desta sexta-feira (22/01) do CB Agro, programa feito em parceria pelo Correio Braziliense e a TV Brasília. O pesquisador salientou que o incentivo a pesquisas é essencial, embora os resultados não sejam imediatos. “Precisamos lembrar que o que temos hoje foi o resultado de pesquisas feitas há 10, 20 anos. No entanto, as pessoas estão mais conscientes, principalmente devido a situações de conflitos que a gente presenciou por conta da falta do recurso.Isso fez com que o número de pessoas e produtores que se preocupam com o assunto aumentasse.”
Contudo, segundo a análise de Werneck, a tendência é que conflitos pelo recurso natural aumentem. “Infelizmente é uma tendência. A população vem crescendo muito e em um ritmo acelerado, e cada vez mais se reúne nos centros urbanos; isso faz com que o serviço não consiga acompanhar a velocidade do crescimento de demanda por água”, acrescentou.
Situação no Distrito Federal
A região da capital do país, observou Werneck, sofre, principalmente, com o alto crescimento populacional. “Vivemos em uma região alta e plana, o Planalto Central, e isso faz com que aqui tenhamos apenas nascentes, mas não grandes rios para abastecer a cidade. Temos um território pequeno e mais de 3 milhões de habitantes, apenas 60 anos desde a construção da cidade, ou seja, essa combinação de pouca disponibilidade de água na região e poucos rios, faz com que seja necessário um planejamento maior no DF.”
Por isso, o especialista alerta que o uso da água deve ser equacionado para um crescimento sustentável. “Precisamos utilizar a água de maneira racional. E, claro, nós da Adasa fazemos o monitoramento do clima, das chuvas, utilizamos recursos para favorecer a infiltração da água no solo e evitar o escoamento superficial, além do incentivo para as boas práticas agrícolas. Realizando essas ações e cuidando das áreas preservadas é possível ter alimento e água para todos: para o campo e para a cidade”, finalizou.
*Estagiário sob a supervisão de Odail Figueiredo