CONJUNTURA

Funcionários cobram Ford

Empresa pede a empregados que retornem ao trabalho para produzir peças de reposição, "por alguns meses", mas sindicatos são contra a volta até que a multinacional negocie indenizações e defina como se dará o plano de saída do Brasil

A Ford convocou os empregados das fábricas que a empresa havia fechado no país para retornarem ao trabalho com o objetivo de produzir peças de reposição “por alguns meses”. A informação é dos sindicatos que representam os metalúrgicos das unidades. As entidades, no entanto, são contra a volta até que a multinacional negocie indenizações e um plano de saída do Brasil.

“A empresa está mandando comunicados, mas a adesão está zero, tudo parado, ninguém está indo (dar expediente). A fábrica precisou alugar um galpão, na região de Simões Filho (BA), porque não tinha gente para descarregar mercadorias de 90 caminhões, aqui, em Camaçari”, afirmou Júlio Bonfim, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari, em entrevista ao jornal O Globo.

Segundo ele, a multinacional ainda não negociou o processo de demissão dos empregados nem se reuniu com os sindicatos para discutir o tema. “Ninguém voltou porque o que a Ford fez foi um tapa na cara, não negociou nada com a gente e pede para a gente retornar ao trabalho? Não dá”, enfatizou.

Ontem, dirigentes dos dois sindicatos tiveram uma reunião virtual com o Ministério Público do Trabalho. Hoje, os sindicalistas de Taubaté participam de audiência pública com deputados da Assembleia Legislativa de São Paulo.

Protestos

Trabalhadores de Taubaté realizam uma vigília de 24 horas em frente aos portões da Ford. Na segunda-feira, eles fizeram protesto nos portões da empresa pendurando uniformes com nome dos familiares, nas grades da empresa, como forma de mostrar a quantidade de pessoas que serão atingidas com o fechamento da unidade.

Amanhã, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e outras 10 centrais sindicais vão realizar manifestações em frente às concessionárias de revenda da Ford em cada capital de estado.

Os atos visam a revogação da decisão da empresa de encerrar a produção no país. O lema, de acordo com José Carlos Gonçalves, da Força Sindical, é “todos pelo emprego e contra o fechamento da Ford no Brasil”.

“Conforme combinado com as centrais sindicais, orientamos todas as nossas entidades filiadas a apoiarem e fazerem manifestações, principalmente nas capitais, em frente a uma concessionária Ford”, reiterou Gonçalves. Na sexta-feira, haverá nova assembleia com os trabalhadores e deve ser definida uma carreata de Taubaté até o Santuário de Aparecida.

* Estagiários sob a supervisão de Cida Barbosa

Fim das atividades

Na semana passada, a Ford anunciou o fechamento de três fábricas no Brasil: em Camaçari (BA), onde produz os modelos EcoSport e Ka; Taubaté (SP), que produz motores; e Horizonte (CE), onde são montados os jipes da marca Troller. A estimativa da própria multinacional é de que cerca de 5 mil trabalhadores serão afetados.