"A reestruturação do Banco do Brasil é imprescindível devido ao momento dos mercados internacional e brasileiro”, opinou o diretor da Corretora Open Invest, César Bergo. Para ele, no atual momento de globalização e de chegada das fintechs ao país, se o banco não modernizar as relações de estrutura e trabalho, “cairá por terra”.
“O Banco do Brasil sempre foi um banco de destaque e a sua reestruturação é muito importante para torná-lo mais competitivo”, continuou Bergo. O redesenho do BB deve contar com 5 mil demissões voluntárias e o fechamento de 361 unidades de atendimento, sendo 112 agências, 7 escritórios e 242 postos de atendimento
Já para Kleytton Moraes, presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília e funcionário do Banco do Brasil, é compreensível o movimento do banco, mas não a forma como o redesenho está proposto.
“Esse processo de reestruturação abre espaço para que a concorrência entre em nichos importantes de posicionamento de mercado que o Banco do Brasil até então detinha. O redesenho não levou em conta os impactos sobre o funcionalismo, e o papel importante da instituição secular do BB, que é ser um banco público com responsabilidade para com os acionistas e focado na inclusão da sociedade brasileira”, defendeu.
O debate foi realizado nesta segunda-feira (18/1) no CB.Poder — uma parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília. Moraes ressaltou que a reunião do Conselho de Administração sobre reestruturação não contou com a presença da representantes de funcionários do Banco do Brasil. “Ou seja, o banco está redesenhando a sua estratégia e excluindo da participação o representante dos trabalhadores, e isso dificulta o processo e gera efeitos negativos para a instituição”, afirmou.
Bergo defendeu que o Banco do Brasil deve ser mais enxuto e tecnológico para que tenha crescimento nos seus negócios. “Para que o banco ganhe mercado, ele precisa ter um volume de negócios para suprir a estrutura que possui hoje. E é preciso preparar o BB para angariar esses negócios, esse é o trunfo que o Banco do Brasil não pode perder”.
Privatização
O diretor da Corretora Open Invest, César Bergo, também opinou sobre o possível processo de privatização do Banco do Brasil. “Primeiro é preciso deixar claro o conceito de privatização. No caso do BB, não seria uma privatização, seria transferir o controle, porque o banco já é privado. Ele tem economia mista, ou seja, participação privada, diferente da Caixa Econômica que é 100% do governo”, pontuou.
Segundo o especialista, é desnecessária a existência de dois bancos oficiais do governo. “Uma solução futura seria uma fusão do BB com a Caixa Econômica ou um modelo no qual os dois bancos não sejam concorrentes”, defendeu.
Questionado sobre uma possível privatização do banco, o presidente do Sindicato dos Bancários, Kleitton Moraes, disse não acreditar que isso aconteça em razão da resistência da sociedade e dos funcionários, além de outros intervenientes que precisam do BB. “Estamos falando do agronegócio, da agricultura familiar, dos industriais. Esses intervenientes salvaguardam o BB como instituição pública eficiente e eficaz”.
Moraes, contudo, criticou a ação de redesenho atual do Banco por enfraquecer a instituição. “A leitura que dizem para o mercado é que se trata do fortalecimento do Banco do Brasil, mas o que vemos é o contrário disso. Estão entregando fatias consideráveis e rentáveis para outros setores, diminuindo os resultados do Banco do Brasil”, finalizou.
*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro