A pandemia e o distanciamento social tiveram forte impacto no setor automotivo em 2020. A produção de veículos no país ficou em 2,014 milhões de unidades no ano passado, com queda de 31,6%, em relação às 2,944 milhões fabricadas em 2019, de acordo com balanço apresentado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Segundo a entidade, a produção recuou para o patamar de 16 anos atrás.
A quantidade de exportados também caiu significativamente (-24,3%), de 428.208 para 324.330 unidades, no ano passado, da mesma forma que o número de licenciamentos, que teve retração de 26,2%, de 2,787 milhões para 2.058 milhões. O presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, destacou ainda a forte queda nos licenciamentos de veículos entre novembro e dezembro passado, de 8,4%.
“Nesse caso, esse foi o pior ano desde 2016. Apesar disso, ainda foi melhor que 2018, quando a queda foi de 11,5%. E no ranking mundial, a previsão é de que fecharemos o ano em 9º lugar na produção de veículos e em 6º lugar no número de licenciamentos”, afirmou.
Atualmente, o setor está com um nível de estoque para apenas 12 dias. Independentemente da pandemia, na análise do presidente da Anfavea, os entraves para que o setor apresente melhores resultados ainda são o elevado custo Brasil e a baixa competitividade. “O Brasil poderia gerar mais empregos e negócios”, afirmou.
Perspectivas
Para 2021, a Anfavea ainda detecta “uma neblina” de preocupações que envolve incertezas sobre o andamento das reformas estruturais (administrativa e tributária), o fim da auxílio emergencial e expectativas sobre como o governo vai lidar com o teto dos gastos. A previsão da entidade é de crescimento do Produto Interno Bruto de 3,5%, no ano.
Na avaliação da Anfavea, a taxa de câmbio pode apresentar certa instabilidade, mas deve encerrar 2021, em R$ 5. “Não podemos esquecer que ainda estamos em uma pandemia”, ressaltou Moraes.
Essa “neblina” ficou ainda mais densa, no último dia de 2020, de acordo com e executivo, após um decreto do governo de São Paulo elevar o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para vários setores (entre 10% e 15% para o automobilístico).
“Fomos surpreendidos com essa decisão que já começa a valer a partir de 15 de janeiro. Estamos muito preocupados. Esse não é o momento de aumentar impostos. Se a reforma tributária já era urgente, agora ficou ainda mais”. A alta na tributação, segundo ele, terá impactos na venda de carros novos e usados, no preço dos insumos e na logística.
No caso do preço de venda de automóveis para o consumidor, o valor poderá subir, dependendo da marca e do modelo, entre R$ 1mil e R$ 2,5 mil, aproximadamente. “Infelizmente, o governo de São Paulo tomou essa decisão. Esperamos que reverta, porque o impacto será grande. O ano de 2021 ainda é um desafio, no mercado interno e no mercado externo”, diz o presidente da Anfavea.