O saldo das operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN), que representa 33% do crédito ampliado no país, alcançou R$ 4 trilhões em 2020, conforme dados do Banco Central divulgados nesta quinta-feira (28/1). Esse volume representa crescimento de 15,5%, representando aceleração em relação ao avanço de 6,5% de 2019.
Os empréstimos às empresas somaram R$ 1,8 trilhão no ano passado, alta de 21,8%, ante a queda de 0,1% em 2019. Os financiamentos às famílias somaram R$ 2,2 trilhões em 2020, apresentando crescimento de 10,9% no ano, uma desaceleração após alta de 11,9% em 2019. Dados do BC ainda mostram que o endividamento das famílias cresceu 5,5%, no acumulando em 12 meses, atingindo 50,3% da renda em outubro, o maior patamar da série histórica iniciada em 2005.
Em dezembro, o crédito do SFN cresceu 1,6%, refletindo elevações de 1,7% em pessoas jurídicas e de 1,4% em pessoas físicas. As taxas médias de juros do cheque especial praticadas pelos bancos voltaram a subir em dezembro, chegando 297,1% ao ano para a pessoa jurídica, a mais elevada desde julho do ano passado. No acumulado em 12 meses, entretanto, essa taxa registrou queda de 13,8 pontos percentuais, segundo o BC. Para a pessoal física, os juros do cheque especial encerraram dezembro em alta de 2,1 pontos percentuais, na comparação com novembro, a 115,6% ao ano.
A inadimplência total recuou de 2,2% para 2,1% do crédito total, o menor valor da série, conforme os dados do BC.
Influência da pandemia
De acordo com o BC, a expansão do crédito no ano foi influenciada pelas contratações destinadas a empresas de menor porte, devido aos programas de estímulo ao crédito lançados no segundo semestre para combater os efeitos da pandemia do novo coronavírus. A carteira de crédito a micro, pequenas e médias empresas cresceu 31,6% em 2020 (ante 6,7% em 2019). Nas grandes empresas, que tiveram contratações mais aceleradas nos três primeiros meses da pandemia, o saldo aumentou 16% no ano após queda de 3,7% em 2019.
Em 2020, o saldo das operações com recursos livres alcançou R$ 2,3 trilhões, expansão de 15,2% no ano, após crescimento de 14,1% em 2019. O crédito livre a pessoas jurídicas somou R$ 1,1 trilhão, alta de 21,1% no ano, acelerando em relação à expansão de 11,1% em 2019. Em 2020, destacou-se o crescimento expressivo da carteira de capital de giro, 46,3%, ante 4,8% em 2019.
O crédito direcionado atingiu R$ 1,7 trilhão em 2020, com elevação de 15,9% no ano, após retração de 2,4% em 2019, primeira elevação anual da carteira desde 2015, impulsionado pelos programas de crédito às empresas de menor porte lançados no segundo semestre, de acordo com o BC. A carteira concedida a empresas atingiu R$ 689 bilhões em 2020, o que representou aumento de 23% ao ano, de contração de 14% em 2019, refletindo as contratações em outros créditos direcionados. Nas operações para pessoas físicas, saldo de R$ 1 trilhão, a variação anual atingiu 11,6% (6,6% em 2019), sustentado pelo crédito rural e imobiliário.
No último mês de 2020, o crédito direcionado registrou alta de 1,2%, composta por crescimento de 1% nas operações com empresas e 1,4% com famílias.
Os dados do BC ainda mostra que as concessões de crédito totais cresceram 5,2% em 2020, "principalmente em função do crescimento das contratações com empresas, 10,8%". As concessões às famílias variaram 0,4% no ano. Em dezembro, as concessões somaram R$ 398 bilhões. Na série dessazonalizada, houve retração de 9,8% no mês.
Custo em queda
O Indicador de Custo de Crédito (ICC), média do custo de toda a carteira do sistema financeiro, encerrou o ano em 16,8% anuais, o menor valor da série iniciada em 2013. Segundo o BC, isso representou uma queda de 3,5 pontos percentuais após recuo 0,1 ponto em 2019. No crédito livre não rotativo, ocorreu redução anual de 4,6 pontos percentuais, para 22,3%, também o menor patamar da série histórica.
O spread geral do ICC situou-se em 11,8 ponto percentual, registrando redução de 2,6 pontos no ano.
A taxa média de juros das contratações ficou em 18,4% ao ano em dezembro, registrando recuo de 4,2 pontos percentuais em comparação a 2019.
No crédito livre, a taxa de juros média atingiu 25,5% anuais, recuando 7,9 pontos percentuais no ano e atingindo o menor valor da série iniciada em 2011, de acordo com o Banco Central.
Crédito ampliado
O saldo de crédito ampliado concedidos ao setor não financeiro cresceu 16,9% em 2020 na comparação com 2019, totalizando R$ 12 trilhões, o equivalente a 162,1% do Produto Interno Bruto (PIB). Essa taxa apresenta aceleração em relação ao crescimento de 9,5% no saldo de crédito registrado em 2019.
De acordo com o BC, esse desempenho foi resultado do aumento da dívida externa, 23,4%, em função da depreciação cambial do ano (em dólares, a dívida externa do setor não financeiro permaneceu praticamente estável) e do crescimento dos empréstimos e financiamentos, 15,3%; e dos títulos de dívida, 15,2%.
Em dezembro, o crédito ampliado ao setor não financeiro registrou alta de 2,1% na comparação com novembro, apresentando altas de 4,2%, em títulos de dívida, e de 1,6%, nos empréstimos e financiamentos. No mês, o saldo da dívida externa recuou 1,1%, influenciado pela apreciação cambial de 2,5% do período.
Em 2020, o crédito ampliado destinado às empresas e às famílias cresceu 15,8%, situando-se em R$ 6,6 trilhões (89,6% do PIB), também acelerando em relação à expansão de 2019, de 9,4%. O maior crescimento ocorreu no saldo da dívida externa expresso em reais, 25,5%, devido à já mencionada desvalorização cambial do ano, de acordo com o BC. Em 2019, a dívida externa cresceu 4,1%.
O saldo dos empréstimos e financiamentos teve alta de 15,3% em 2020, de 6,8% em 2019. Já os títulos de dívida (mercado de capitais privado doméstico) ficaram praticamente estáveis no ano, 1,5%, com aumento no estoque de debêntures e redução no de instrumentos securitizados, representando desaceleração em relação ao crescimento de 35,2% de 2019.
No mês de dezembro, o crédito ampliado para empresas e famílias cresceu 0,4%, devido, principalmente, ao desempenho do saldo de empréstimos e financiamentos, 1,7%. Os títulos de dívida aumentaram 0,9% e o saldo das captações externas recuou 2,7%, conforme a nota do BC.
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