BB

CGU anula demissão de auditores do Banco do Brasil

Demissão foi anunciada na gestão de Rubem Novaes e gerou investigações sobre ingerências políticas no processo de auditoria do banco

Marina Barbosa
postado em 14/01/2021 12:15 / atualizado em 14/01/2021 16:57

A Controladoria-Geral da União (CGU) anulou o processo que levou à demissão de dois auditores do Banco do Brasil (BB) no ano passado, ainda na gestão de Rubem Novaes. A decisão atende a um recurso dos auditores, que classificaram a demissão como uma ingerência política que tentava travar a fiscalização de assuntos relativos ao banco.

A decisão da CGU foi publicada nessa quarta-feira (13/1), mesmo dia em que o presidente Jair Bolsonaro ameaçou demitir o sucessor de Rubem Novaes, André Brandão, por conta da repercussão negativa do plano de reestruturação do BB, que prevê o desligamento de 5 mil funcionários e o fechamento de 361 agências.

A CGU explicou que essa "decisão decorre da identificação de falha processual na condução da Ação Disciplinar" que levou à demissão dos auditores. A medida, assinada pelo controlador-geral da União, Gilberto Waller Júnior, ainda determina a instauração de um "procedimento correcional acusatório, a ser conduzido pela Corregedoria-Geral da União, para apuração dos fatos ali tratados".

A demissão dos auditores do Banco do Brasil também é alvo de investigação no Tribunal de Contas da União (TCU), que analisa a questão desde outubro do ano passado a pedido do Ministério Público. A representação investiga se a gestão do BB interferiu no processo de auditoria interna do banco para evitar a apuração de assuntos sensíveis à instituição.

Polêmicas

A gestão de Rubem Novaes foi marcada por polêmicas. O TCU investiga, por exemplo, se houve interferência política nas nomeações do fundo de pensão do BB, a Previ. A Corte de Contas também chegou a suspender, no ano passado, as propagandas do BB na internet, para evitar o repasse de verba pública para sites de fake news. Novaes ainda ficou conhecido pela vontade de privatizar o BB e pelas críticas ao clima político de Brasília. Por isso, pediu demissão no ano passado, dando lugar a André Brandão.

De perfil técnico, Brandão vem gerindo o BB de forma discreta nos últimos quatro meses e privilegia a nomeação de profissionais de carreira no alto escalão do banco. Porém, entrou na berlinda nesta semana depois da repercussão negativa do plano de reestruturação do BB.

O Banco do Brasil foi questionado sobre o processo de readmissão dos auditores em questão. Porém, em nota, disse que "solicitará esclarecimentos à Controladoria Geral da União, com vistas a uma melhor compreensão dos seus fundamentos". O BB também reafirmou a "correção dos procedimentos adotados no âmbito do seu controle disciplinar que contaram com a participação de auditoria independente na investigação dos fatos".

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