ECONOMIA

Bolsonaro muda o tom e agora vê "país maravilhoso"

Presidente reúne ministério pela primeira vez em 2021 para discutir, entre outros temas, um cronograma de vacinação contra a covid-19. E volta a culpar a imprensa pela repercussão negativa das declarações de que ''o país está quebrado''

Sarah Teófilo
Ingrid Soares
postado em 07/01/2021 06:00
 (crédito: EVARISTO SA / AFP)
(crédito: EVARISTO SA / AFP)

O presidente Jair Bolsonaro realizou, ontem, a primeira reunião ministerial do ano. Na mesa, uma das principais pautas foi a cobrança por um cronograma de vacinação para a população. A reunião ocorreu após o presidente dizer que não podia fazer nada para atender as promessas de campanha, porque o país está quebrado. A declaração causou ruídos no mercado. Após a repercussão, o chefe do Executivo ironizou a própria fala. “Confusão ontem (terça), viu? Porque eu falei que o Brasil estava quebrado. Não, o Brasil está bem, está uma maravilha”, disse a apoiadores no Palácio da Alvorada.

O mandatário ainda remeteu à imprensa a culpa por sua fala. “Essa imprensa sem vergonha faz uma onda terrível aí. Para a imprensa bom estava Lula, Dilma gastando R$ 3 bilhões por ano para eles”, afirmou. No último dia 5, também a apoiadores, Bolsonaro ressaltou: “Chefe, o Brasil tá quebrado, chefe. Eu não consigo fazer nada. Eu queria mexer na tabela o Imposto de Renda. Teve esse vírus, potencializado pela mídia que nós temos aí, essa mídia sem caráter”.

Panos quentes

Um dia depois da polêmica, o ministro da Economia, Paulo Guedes, interrompeu as férias para comparecer à reunião ministerial convocada de última hora. O período de férias de Guedes vai até o próximo dia 11. O chamado “Posto Ipiranga”, no entanto, não viu a fala do chefe do Executivo como uma crítica. Ele vem tentando colocar panos quentes na situação e reforçou que o país está crescendo em “V”.

Ainda na terça-feira, Bolsonaro teve outra fala que repercutiu mal. Ele disse que a maior parte dos brasileiros não está preparada para fazer quase nada, ao falar sobre os índices de desemprego. “(O Brasil) é um país difícil de trabalhar. Quando fala em desemprego, né, (são) vários motivos. Um é a formação do brasileiro. Uma parte considerável não está preparada para fazer quase nada. Nós importamos muito serviço”, apontou.

Ontem, ele culpou, mais uma vez, a imprensa pela fala. “Eu disse que parte dos brasileiros não está preparada para o mercado de trabalho. Pronto, a imprensa fala que eu ofendi todos os empregados do Brasil. Agora, nós importamos serviços, porque não tem gente habilitada aqui dentro, porque há 30 anos (estão) destruindo a educação do Brasil”, ressaltou.

Além de Guedes, participaram da reunião os ministros Braga Netto (Casa Civil), Fernando Azevedo (Defesa), Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Tarcísio Freitas (Infraestrutura), Tereza Cristina (Agricultura), Milton Ribeiro (Educação); Onyx Lorenzoni (Cidadania), Eduardo Pazuello (Saúde), Bento Albuquerque (Minas e Energia), Fábio Faria (Comunicações), Gilson Machado (Turismo), Wagner Rosário (Controladoria-Geral da União), Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência). O ministro interino da Secretaria-Geral da Presidência, Pedro César Sousa, e o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, também estiveram no encontro.

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