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Invista sem medo: confira dicas para obter bons rendimentos nas aplicações

Num momento em que a economia patina e a renda das famílias se desfaz, quem tem algum recurso guardado deve estar atento às melhores opções para obter, mesmo em tempos difíceis, bom retorno da aplicação. Mas estudar e pesquisar o mercado é essencial

*Edis Henrique Peres
*Bruna Pauxis
postado em 03/01/2021 07:00
 (crédito: iStock)
(crédito: iStock)

Saber investir é uma ótima alternativa para obter bons rendimentos das aplicações no futuro, atingindo a máxima dos experts: deixar o dinheiro trabalhar para você. Mas, aplicar não é uma tarefa simples, pois requer pesquisa e conhecimento para que o capital inicial seja, pelo menos, preservado e não vire pó, conforme alertam especialistas ouvidos pelo Correio.

Deibert Fernandes, coordenador da Terra Investimentos, orienta que, antes de investir, é preciso fazer um planejamento e definir metas. “Quanto de recurso será aplicado? Quanto tempo depois será preciso resgatá-lo? É possível dividir a aplicação em curto, médio e longo prazos? Essas são algumas questões fundamentais para se escolher bem o ativo no qual aplicar”, ensina.

Na avaliação de Gabriela Mosmann, economista e analista na empresa de investimentos Suno Research, o primeiro passo para investir é saber o objetivo para o qual o dinheiro será utilizado —uma viagem, a faculdade do filho ou a aposentadoria complementar. “Não existe o melhor investimento. Existe o melhor investimento para você”, afirma.

Gabriela lembra que, apesar do aumento da popularidade da Bolsa de Valores de São Paulo (B3) nos últimos anos de queda dos juros, o mundo das ações é arriscado e não é recomendável ser o primeiro passo de um novo investidor. Para ela, o melhor é começar devagar, aplicando aos poucos, pois nem sempre a opção mais arriscada é a que garante o melhor retorno. Por isso, ela sugere a renda fixa como um ponto de partida.

E, nesse grupo de aplicação, a caderneta de poupança é a mais popular, mas tem como desvantagem terum dos piores investimentos atualmente — rende 1,4% ao ano, ou 70% da Selic (a taxa básica de juros), atualmente em 2% ao ano. Essa rentabilidade está perdendo feio para a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que subiu de 4,3% no acumulado de 12 meses até novembro. Porém, analistas reconhecem que a poupança, cujos gan hos são isentos de Imposto de Renda, é um bom começo para formar uma reserva financeira.

Num segundo passo, o investidor pode se arriscar — sempre com cautela — em outras aplicações disponíveis no mercado de renda fixa. As opções são Tesouro Direto (títulos do governo federal acessíveis para aplicações a partir de R$ 30), CDBs (Certificado de Depósito Bancário), LCI (Letras de Crédito Imobiliário) e LCA (Letras de Crédito do Agronegócio).

A principal referência de retorno desses investimentos é a taxa DI, ou CDI (Certificados de Depósito Interbancário, títulos emitidos pelos bancos), que acompanha a Selic. Essas aplicações podem render quase 200% do CDI, mas, para esses casos, é preciso dispender valores mais elevados.

No mercado de fundos, é possível aplicar em renda fixa (fundos DI) e em renda variável (fundos imobiliários ou de ações), mas é preciso ficar atento às taxas de administração e às alíquotas do IR, que podem engolir boa parte do rendimento. Lembre-se: quanto maior o prazo do investimento, menor a alíquota do IR, que pode variar de 22,5% a 15%, quando o dinheiro fica aplicado por mais de 180 dias.

Não gaste tudo

Mas, antes mesmo de começar a escolher a aplicação, é preciso ter o hábito de guardar dinheiro. Para Gabriela Mosmann, isso é um pré-requisito para quem pensa em investir. “Se você não tem o hábito de economizar dinheiro, crie”, recomenda. Ela aconselha o aspirante a investidor a assistir vídeos, ler e pesquisar os conceitos do mercado que desconhece.

Correr atrás de informação foi o que o médico veterinário e morador do Park Way, Daniel Carreiro Gonçalves, 33 anos, fez. Ele começou a ter contato diário com o mercado financeiro há pouco mais de um ano e meio. Mas, para não correr o risco de amargar um grande prejuíízo, fez um curso para entender mais onde estava se metendo.

“Antes de a pessoa entrar no mercado financeiro é preciso estudar o tema, porque, se as pessoas não souberem manejar, vão perder dinheiro”, opina Daniel.

*Estagiários sob a supervisão de Rosana Hessel

Conhecimento permite arrojo

Benincá explica que o receio é natural, mas garante que buscar opções mais arriscadas, e com retornos maiores, não é bicho de sete cabeças.

Uma lição importante deixada em 2020, na opinião de Benincá, é que é preciso ter sempre uma quantia de reserva, não importa quanto a pessoa ganhe ou quão estável esteja a vida.
“O ano passsado mostrou para nós algo que nossos avós já sabiam: é preciso guardar dinheiro para emergências, porque corremos risco de a situação mudar de uma hora para outra e não podemos ficar sem renda”, afirma.

Ele aconselha buscar entender como funciona cada modalidade de investimento e não apostar todos os ovos em uma única cesta. Para Benincá, isso é o básico da educação financeira, algo “essencial” no momento atual — e só assim se perde o medo da aplicação.

“Tem muito conteúdo disponível na internet, com vídeos, blogs e tutoriais. Tudo isso ajuda o investidor novato a ganhar confiança sobre como funciona o mercado e a aplicação que escolheu”, salienta.

O empresário Pedro Melo Cruz, 21 anos, morador de Belém, conta que, desde cedo, se preocupava com o futuro e sempre buscava a poupança. Mas, no ano passado, por conta da pandemia do novo coronavírus, passou a diversificar as aplicações para tentar compensar a perda de capacidade financeira. Daí, partiu para o mercado de ações, porque a caderneta passou a perder muito para a inflação.

“Vendia bombons e esfihas no condomínio e guardava o dinheiro na poupança. Mas resolvi tirar dinheiro da caderneta e investir de pouquinho em pouquinho, pensando a longo prazo”, relata.

Pedro acompanha o desempenho das empresas em que investe na Bolsa. E, apesar de não ser um grande aplicador, vê os exemplos que vêm da Europa e dos Estados Unidos, onde o cidadão já se habituou a financiar empresas por meio de ações. “Isso somente acontece com mercados sólidos, sem solavancos.

O Brasil já há algum está neste patamar. Então, hoje, sem os sustos de tempos atrás, arrisco dizer que a Bolsa de Valores é negócio garantido e atraente”, observa. (BP e EHP)

Passo inicial: defina o perfil

Antes de começar a investir, o aplicador precisa entender qual é o seu próprio perfil dentre os três possíveis: conservador, moderado e arrojado.

“O conservador prefere a segurança, portanto, não tem lucros altos. O moderado se arrisca, mas nem tanto. Já o arrojado está disposto a desafios, a apostar em aplicações voláteis, que, numa hora gera lucro maior, mas, em outra, pode dar um prejuízo que só quem tem capacidade pode assimilar”, compara Deibert Fernandes, coordenador da Terra Investimentos.

Para cada perfil existe um tipo de aplicação: o conservador foca na renda fixa; o moderado investe na renda fixa e na renda variável, e procura fundo de ações ou multimercado; o arrojado é o que mergulha no mercado de ações e tem sangue frio.

No Tesouro Direto, por exemplo, é possível investir na renda fixa, com papéis pré-fixados, ou na variável, por meio de títulos pós-fixados pela Selic ou pela inflação (IPCA). Contudo, é preciso ficar atento à marcação desses papéis, porque, se forem resgatados antes do vencimento, há risco de perdas em relação ao rendimento contratado.

Deibert Fernandes lembra que é importante estudar o mercado e as opções de aplicações que podem dar a rentabilidade desejada de acordo com o risco pretendido.

“O investidor precisa entender o que está fazendo para tomar uma decisão de recuar ou de avançar. Somente assim terá confiança ao colocar o dinheiro naquele investimento”, observa.
Uma alternativa para quem tem dinheiro sobrando, mas tem também preguiça de tentar entender como as aplicações funcionam, é buscar especialistas em reconhecidas instituições de investimento para obter análises.

Segundo Deibert, bancos e corretoras têm o compromisso de apresentar cenários nos quais, sem muita dificuldade, o aplicador pode optar por aquilo que lhe parece seguro e com retorno dentro das expectativas. (BP e EHP)

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