As contas do governo central registraram um déficit primário de R$ 18,2 bilhões em novembro. Por isso, o rombo das contas públicas chegou a R$ 699,1 bilhões no acumulado do ano. O resultado é o pior da série histórica e reflete os efeitos econômicos da pandemia de covid-19.
Segundo dados divulgados nesta quarta-feira (29/12) pelo Tesouro Nacional, o déficit de R$ 18,2 bilhões de novembro é fruto de um rombo de R$ 6,9 bilhões das contas do Tesouro Nacional e do Banco Central e de um déficit de R$ 11,3 bilhões da Previdência Social (RGPS).
O resultado, contudo, veio melhor que as expectativas de mercado coletadas pela pesquisa Prisma Fiscal do Ministério da Economia, que projetavam déficit de R$ 55,1 bilhões no mês. É que, em novembro, o governo recebeu parte dos impostos que foram adiados no início da pandemia.
"Assim como nos meses anteriores, o déficit observado em novembro é influenciado pelo aumento das despesas do Poder Executivo decorrentes de medidas de combate à crise da Covid-19. No entanto, o recolhimento em novembro de parte das receitas diferidas no início da pandemia resultou em impacto positivo no fluxo de arrecadação", explicou o Tesouro Nacional.
Com esse resultado, o rombo acumulado no ano pelas contas públicas chegou a R$ 699,1 bilhões. O resultado é 752,3% superior ao do mesmo período do ano passado, quando o déficit primário acumulado no ano foi de R$ 80,4 bilhões.
O Tesouro Nacional explicou que, neste ano, a receita líquida do governo caiu 10,0%, enquanto a despesa subiu 39,3% por conta dos gastos emergenciais realizados no combate à pandemia do novo coronavírus. "Os dados do resultado fiscal de novembro revelam a continuidade dos efeitos da crise da Covid-19 sobre as contas públicas", frisou.
A pasta disse, por sua vez, que o rombo das contas públicas não deve alcançar os R$ -831,8 bilhões projetados pelo Ministério da Economia. Isso porque R$ 34,8 bilhões deixaram de ser usados pelo governo de janeiro a novembro, provocando o chamado empoçamento.
"O déficit primário para o Governo Central em 2020 deve ficar inferior à estimativa indicada acima, em função do elevado volume observado de empoçamento de recursos (R$ 34,8 bilhões ao final de novembro), bem como da menor execução de despesas obrigatórias em relação à sua previsão", afirmou a pasta.