O estoque da Dívida Pública Federal (DPF) voltou a subir em novembro, já que o governo federal continua tendo que emitir títulos para financiar os gastos emergenciais da pandemia de covid-19. Por isso, chegou a R$ 4,787 trilhões.
Dados apresentados nesta quarta-feira (23/12) pelo Tesouro Nacional mostram que a DPF cresceu 3,22% em novembro. Foi um incremento de R$ 149,4 bilhões, referente a R$ 139,67 bilhões de emissão líquida e de R$ 9,94 bilhões de apropriação positiva de juros.
"Em novembro, o Tesouro Nacional manteve elevado volume de emissão, com o objetivo de suprir a necessidade de financiamento do governo federal e garantir a manutenção do caixa acima do limite prudencial. Nesse contexto, as emissões da DPF totalizaram R$ 158,8 bilhões, enquanto os resgates foram de R$ 19,2 bilhões, resultando em uma emissão líquida de R$ 139,7 bilhões no mês", comentou o Tesouro.
A pasta lembrou que, em novembro, o clima foi de otimismo no mercado financeiro, com investidores dispostos a tomar mais risco por conta das notícias positivas das vacinas contra a covid-19. Nesse sentido, a percepção de risco em relação do Brasil diminuiu, o que ajudou o Tesouro a alcançar esse volume de emissões.
Porém, o Tesouro admitiu que o mercado doméstico de juros futuros ainda apresentou volatilidade ao longo do mês por conta das incertezas fiscais. "O ponto que estava no centro das preocupações era a continuidade ou não do auxílio", comentou o coordenador de Operações da Dívida Pública, Roberto Lobarinhas.
Por conta dessa questão fiscal, os papeis prefixados, que são mais líquidos, ainda foram os mais buscados nos leilões dos títulos públicos brasileiros. Segundo o Tesouro, o volume de emissões dos prefixados vem caindo. Mas, em novembro, esses títulos ainda representaram R$ 106,6 bilhões das emissões, enquanto os leilões de títulos indexados a índices de preços alcançaram R$ 33 bilhões.
Muitas dessas emissões também foram realizadas com prazos inferiores a 12 meses. Por isso, subiu novamente o percentual da dívida que vai vencer nos próximos 12 meses, de 27,6%, em outubro, para 28,1%, em novembro; e o prazo médio da dívida diminuiu, de 3,77 anos para 3,66 anos, no período.
Lobarinhas garantiu, por sua vez, que o colchão de liquidez do Tesouro está preparado para fazer frente a esses vencimentos mais curtos. "Vamos terminar o ano com um caixa acima do prudencial. Temos caixa suficiente para fazer face ao primeiro quadrimestre do próximo ano, que concentra boa parte dos vencimentos", assegurou.
Qualidade da dívida
O coordenador de operações da dívida ainda ressaltou que o governo vem encontrando condições mais favoráveis de financiamento no mercado neste mês de dezembro, sobretudo depois que ficou claro que o auxílio emergencial não seria renovado. Por isso, o Tesouro tem feito emissões que podem melhorar a qualidade da dívida, isto é, dar uma "composição mais diversificada e com instrumentos de mais longo prazo" à dívida.
O custo médio da dívida, que já vinha caindo devido à redução dos juros, também voltou a diminuir em novembro, de 9,04% para 8,40%. E desta vez a redução foi puxada pela queda do dólar, que voltou para perto da casa dos R$ 5 em novembro e, assim, puxou para baixo o custo da Dívida Pública Federal externa (DPFe).
A DPFe, por sua vez, representa a menor parte da Dívida Pública Federal. Hoje, a DPF conta com R$ 4,553 trilhões de Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi) e R$ 234,57 bilhões de dívida externa.