A prévia da inflação oficial, o Índice Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), acumulou alta de 4,23% em 2020, após subir 1,06%, em dezembro, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados ontem.
O resultado mostrou aceleração sobre a alta de 0,81% de novembro e foi o maior avanço para o mês desde 2015. A variação de janeiro a dezembro de 2020 foi a mais elevada para o período desde 2016, quando o indicador subiu 6,58%. Em 2019, o IPCA-15 avançou 3,91%.
A forte alta no preço de alimentos e bebidas foi o principal combustível para IPCA-15, segundo o IBGE. O grupo liderou as altas, subindo 2% em dezembro, e acumulando avanço de 14,36% no ano, o maior patamar desde 2002, de 18,11%.
A carestia dos alimentos durante a pandemia foi reflexo do maior consumo desses produtos pelos beneficiários do auxílio emergencial, de acordo com analistas. E a alta das commodities e o dólar mais valorizado, neste ano, contribuíram para o aumento das exportações, o que encareceu itens comuns à mesa do brasileiro, como arroz, feijão, carne, batata e óleo de soja.
Diante da disparada dos alimentos, os consumidores estão mudando os hábitos neste fim de ano para não estourar o orçamento. A moradora de Sobradinho Isabel Santos, 51 anos, contou que pretende fazer uma comemoração mais modesta. “Arroz, carne e outros produtos estão muito caros. Vou ter que fazer receitas mais simples.” Segundo a dona de casa, o ano de 2020 foi desafiador, porque foi obrigada a economizar muito, “cortando itens não essenciais” toda vez que ia ao supermercado.
Para a dentista Ana Aparecida Alves, 43 anos, economizar é a palavra de ordem quando vai fazer compras. “Sempre vejo os folhetos e pergunto a amigos se encontraram algum supermercado onde os preços da carne, por exemplo, está mais barato”, afirmou a moradora de Ceilândia.
De acordo com o IBGE, entre os alimentos consumidos em domicílio, que registraram inflação de 2,75% em dezembro, os maiores vilões foram a batata inglesa e o óleo de soja, cujos preços subiram 17,96% e 7%, respectivamente, desacelerando em relação às altas de 33,37% e de 14,85%, no mês anterior.
Outros destaques foram carnes, com alta de 5,53%, arroz, de 4,96%, e frutas, de 3,62%. Um grande vilão de inflações passadas, o tomate, teve queda de 4,68% em dezembro.
O grupo com a segunda maior alta no mês foi o de habitação, de 1,50%, puxado pela subida da energia elétrica (4,08%), devido à volta da bandeira vermelha patamar 2, que implica acréscimo de R$ 6,243 a cada 100 quilowatts-hora consumidos.
Outras altas expressivas foram alimentação fora do domicílio (2,6%), gasolina (2,2%), energia elétrica (4,1%) e passagens aéreas (28,3%). Entre os grupos pesquisados, apenas o vestuário apresentou queda em dezembro, com recuo de 0,44%.
No acumulado do ano, as categorias que mais subiram entre os alimentos e bebidas foram cereais e oleaginosas( 59,64%), tubérculos, raízes e legumes (52,73%) e óleos e gorduras (58,74%).
No DF
Brasília foi a capital com a menor variação do IPCA-15 em dezembro — 0,81%. A carestia foi liderada por Porto Alegre, com avanço de 1,53%, seguida por Rio de Janeiro, com 1,28%.
O indicador reflete a alta dos preços para as famílias com renda de 1 a 40 salários mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e de Goiânia.
No acumulado do ano, Recife foi a capital com maior taxa do IPCA-15, de 5,02%. A menor ficou novamente com Brasília, de 3,07%, conforme o IBGE.
* Estagiário sob supervisão de Odail Figueiredo